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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

"Bang with friends" (aplicativo do Facebook) e amores platônicos

O mais recente fenômeno da internet é o novo aplicativo do Facebook em que o usuário seleciona pessoas da sua própria lista de amigos que se tem interesse e que se pretende "literalmente transar".

Numa reportagem sobre o tal aplicativo, chamado “Bang with friends” (que, ao pé da letra, pode-se adotar a tradução chula “Transar com amigos”), um internauta mandou uma mensagem com a tal "proposta de transa" para, nada mais nada menos que, 800 "amigas" (entre aspas porque, com certeza, nem um quinto delas são amigas de verdade) – para mim, um grande mico, pois o que parece é que o cara está a perigo, na seca, no zero a zero há séculos,... e ainda assim, só conseguiu quatro respostas positivas ao seu xaveco pesado??? Hilário, seria melhor se ele tivesse ficado quietinho e não espalhasse, pois pegou mal, fez papel de que está literalmente “matando cachorro a grito”. 

A única vantagem desse aplicativo é que, se há timidez por trás de uma declaração (e não a "secura" do fulano acima que quer, a qualquer custo, "tirar o atraso"), o tal aplicativo (se não fosse tão explícito na baixaria) poderia ser uma deixa para ir ao "âmago da questão", e poderia ser uma forma de se revelar ao outro, quando há dificuldades nesses amores quase platônicos que existem por aí. 

A vantagem do aplicativo entre amigos, em relação aos sites de relacionamentos em busca da "alma gêmea" (que existem aos montes na web), é que ele coloca o sujeito em contato com pessoas amigas conhecidas, enquanto os demais tentam encontrar pessoas (em geral desconhecidos) com os mesmos perfis, ou seja, tentam aproximar pessoas por meio de computação de afinidades e essa fórmula em geral não agrada à maioria das pessoas, pois corre-se o risco de estar entrando numa fria tal a profusão de falsos perfis que sempre rolam nesses sites "tradicionais" de relacionamentos, e literalmente pode-se estar levando “gato por lebre”.

Já com pessoas amigas (como por exemplo os meus dois amigos “românticos anônimos” do texto anterior) esse aplicativo poderia ser interessante (se não fosse tão escancarado, é claro, poderia ser menos explícito no quesito  “sexo entre amigos”), se funcionasse como uma nova forma de declaração entre amigos que se respeitam e que gostariam de algo além de uma amizade mas não sabem como se declararem. 

Do jeito como foi projetado, o tal aplicativo do Facebook banaliza o relacionamento entre supostos amigos, e isso é grave pois transforma as relações em meros encontros de sexo, e posso até estar enganada, mas o mundo ainda precisa das relações emocionais entre os sexos.

O filósofo grego Platão na sua concepção do amor ideal, o chamado amor platônico, concebera o amor como algo essencialmente puro e desprovido de paixões, pois estas (as paixões) seriam essencialmente cegas, materiais, efêmeras, falhas e falsas. Platão criou a teoria do mundo das idéias, onde tudo seria perfeito, e que tudo no mundo real seria uma cópia imperfeita desse mundo das idéias. 

Ou seja, segundo Platão, qualquer coisa platônica seria algo perfeito e que, portanto, não existe no mundo real, só existindo no tal mundo das idéias. E assim seria o amor platônico, algo irreal, intocável, que não é possível ser alcançado, cheio de fantasias e idealização, onde o objeto do amor é o ser perfeito, detentor de todas as qualidades, sem sequer um único defeito. Na prática, o termo é usado para qualquer tipo de relação afetuosa ou idealizada em que se abstrai o elemento sexual, como em um caso de amizade pura entre duas pessoas.

Os amores platônicos fazem parte do universo de homens e mulheres de todo o mundo e de todas as idades. Todo mundo já curtiu um amor platônico, nem que seja a adoração do artista predileto na adolescência. Lembro-me da fissuração da minha irmã caçula apaixonada pelo Peter Frampton (eram fotos e mais fotos por todo o canto do nosso quarto), literalmente chorando de paixão pelo cantor (que hoje não parece nem de longe o mesmo sujeito). O tempo muda, mas o amor platônico não, ele fica para sempre no campo das idéias (veja no vídeo abaixo o olhar platônico e o choro contido das fãs do cantor nos anos 70).

Quem nunca se apaixonou por alguém (na escola, na faculdade, no cursinho de vestibular) mas deixou passar a oportunidade de se declarar, e anos depois não descobriu que a paixão platônica era mútua? 

Assim, para quem não quer perder a chance única de se declarar, e o aplicativo chulo do Facebook não caberia no contexto (já está surgindo versões mais leves?? do aplicativo, como os sites nacionais "Pegava fácil" e "Vai pegar"), aqui vai uma dica sutil (isso vale inclusive para os meus dois amigos indecisos):

- quem não gostaria de receber uma mensagem com uma música cuja letra fosse um flerte sutil? Eu, particularmente, adoraria. Como, por exemplo, a dos Paralamas do Sucesso, “Me liga” (“eu não te peço muita coisa, só uma chance...quem sabe um dia eu vou te ter ao meu alcance,... me liga”) ou “Eu preciso dizer que te amo”, da Bebel e do Cazuza (“quando a gente conversa, tanta coisa em comum,... e eu nem sei que hora dizer, me dá um medo,... e nessa novela eu não quero ser teu amigo, eu preciso dizer que te amo, te ganhar ou perder”),

ou a música dos Beatles “I want to hold your hands” ou então uma cantada mais direta, como na música “Layla” de Eric Clapton, ou a sensual “Tonight’s the night” do Rod Stewart (vídeos, com essas músicas, abaixo e no final do texto).

E como não podia deixar de ser, termino esse texto com o cinema, que está repleto de histórias de paixões secretas que, só tempos depois, os personagens descobrem que havia reciprocidade naquele sentimento tão bem ocultado no passado. 

A simpática comédia adolescente “De repente...30” (com Mark Ruffalo e Jennifer Garner) brinca com a idéia de que podemos avançar no tempo e, ao percebermos os erros cometidos, temos a chance de voltar atrás (como se tivéssemos acordado de um sonho ruim) e refazermos o equívoco do passado. 

A despretensiosa comédia romântica "Um dia" com Anne Hathaway e Jim Sturgess (de "Réquiem para um sonho") conta a história de um casal que se conhece na faculdade e só engatam um sério relacionamento 20 anos depois. 

O drama “Neve sobre os cedros” (com Ethan Hawke) retoma as dores e a renúncia de um amor perdido no passado por conta de preconceitos étnicos desencadeados pela segunda guerra mundial entre os países do eixo e os aliados.

“Os amantes de Maria” (com Natassha Kinski) é outro drama que mostra como o amor platônico, levado ao extremo, pode ser deletério se seguido à risca na vida real (trailers abaixo).





















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