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sábado, 8 de junho de 2013

Ah...se eles soubessem...

Dizem as más línguas que a maioria das mulheres não resiste a um cafajeste (vulgo “cafa”). Isso é uma inverdade, um mito. A verdade verdadeira é que os cafas descobriram o segredo das mulheres, e sabem usar essa arma, com muita propriedade, enganando a maioria de nós, mulheres, mas não por muito tempo (pelo menos, não conseguem enrolar por muito tempo as mulheres independentes, com autoestima e amor próprio).

Mas que segredo é esse? Simples, a maioria das mulheres não resiste a um homem sensível e romântico, e o cafa sabe muito bem fingir ser um deles enquanto fisga sua isca. E, ao conseguir seu intento, o cafa se revela um crápula, um calhorda, um ser miserável, sem nenhuma consideração com os sentimentos alheios. 

Eles não percebem que a rejeição é dolorosa para quem se iludiu com a lábia deles, mas para uma boa parte das mulheres (as carentes com baixa autoestima e ausência de amor próprio) é tarde demais, já caíram no “conto do vigário”, e não conseguem mais se livrar deles, choram por eles, se apaixonam pelo que inicialmente as encantou, e não conseguem perceber que aquele ser sensível e romântico era só fachada, ele simplesmente não existe.

Desconfie que estás diante de um cafa que se finge de sensível (se não totalmente cafa, mas com certeza um insensível), quando este só gostar de filme de ação (com muitos efeitos visuais, muito banho de sangue e muitas cabeças rolando) e se recusar a assistir outro tipo de filme, ou só falar de futebol (sem outros prazeres menos insensíveis), ou se ele é um desgarrado (dos filhos, no caso dos divorciados, da mãe e familiares em geral), você provavelmente está diante de um engodo, esse homem tem a sensibilidade de uma rocha, ou seja, nenhuma.

Com a facilidade dos perfis nas redes sociais, ficou bem fácil detectar um cafa, pois este, em geral, coloca no seu perfil, fotos variadas, sempre em noitadas, abraçado com mulheres e mais mulheres, cada dia fotografado com uma mulher diferente, e está sempre agarrado a amigos de noitadas regadas de bebidas e mulheres, e como são desgarrados são poucas as fotos com familiares.

Em geral, os cafas são extremamente sedutores, lisonjeadores e galantadores. O problema é que eles não atiram numa só direção. Mas nem todos os cafas fazem promessas ou juras de amor, e bradam que “não enganam”, que antes de se envolverem, avisam que são “livres, leves e soltos” e que não querem “compromisso sério”, mas deveriam saber que estão lidando com sentimentos e interações afetivas que não combinam com essa racionalidade.

Não se pode escolher gostar ou deixar de gostar de alguém, mas é preciso sensibilidade para perceber isso, e um cafa é incapaz desse tipo de percepção, pois é muito calhorda e medíocre para isso. São incapazes de conquistar alguém sem se rebaixarem, sem apelarem para a mentira, sem se importarem em ferir gratuitamente os sentimentos das pessoas.

E os verdadeiros homens sensíveis e românticos, afinal eles existem? Onde estão? Eles existem sim, mas, em geral, ou são tímidos e demoram a se revelar, ou são inseguros e temem que descubram o quão sensível e romântico eles são, com medo da zoação (e até represália) dos chamados “amigos do peito” (leia-se “babacas e/ou cafas insensíveis”).

Ah...se eles soubessem... Nada mais charmoso que um homem sensível, que não tem vergonha de se mostrar romântico (não confundir romantismo com breguice), que se emociona com a cena de um filme (e até pode tentar esconder isso sutilmente, afinal, nem nós mulheres gostamos de choro incontido que precise de um lenço), que curte uma poesia, que sabe murmurar palavras apaixonadas e “calientes” ao pé do nosso ouvido.

Ah...se eles soubessem... Homens sensíveis compartilham seus medos, suas angústias, seus sentimentos.  Para mim, a sensibilidade em um homem funciona como um afrodisíaco. Homem que é homem não tem medo de expor suas carências, suas fragilidades.  Homem que é homem não só diz o que sente... ao contrário, confessa.

Ah...se eles soubessem... Homens que são honestos e assumem um relacionamento sem traição, com respeito e confiança mútuos, são simplesmente irresistíveis.

E o cinema está repleto de cenas de homens sensíveis (e de cafas também, mas esses não interessam). Não há como resistir aos olhos marejados do ator italiano Jacques Perrin (veja no final do texto) diante das belas cenas de beijos, em preto e branco, dos primórdios do cinema, no final antológico do filme “Cinema Paradiso”(*link para detalhes sobre o filme no final do texto).

E mesmo os homens sensíveis, que se escondem por trás de uma aparente frieza, com vergonha de parecerem frágeis aos olhos dos tais “amigos do peito”, tentam camuflar sua sensibilidade, mas acabam por se revelar à flor da pele, como na bela cena do filme “Shame” (veja no filnal do texto).

No filme, o charmoso ator Michael Fassbender (que faz o papel de um sofrido personagem viciado em sexo casual) não consegue disfarçar (na frente de um desses “amigos cafas e babacas”) uma furtiva lágrima, ao ouvir sua também solitária e carente irmã (papel da atriz Carey Mulligan) cantando “New York, New York” (**link para detalhes sobre o filme no final do texto).


"Ah, se tu soubesses como eu sou tão carinhoso...e como é sincero o meu amor..."  A música "Carinhoso" (ouça no final do texto) escrita por Pixinguinha nos anos 30 retrata a sensibilidade do homem de outrora, enquanto a música "Esses moços" de Lupicínio Rodrigues, nos idos anos 50, fala das mágoas e do amor perdido ("esses moços, pobres moços, ah se soubessem o que eu sei...).

E, para reforçar o meu texto e a minha indignação como mulher independente diante dos cafas, transcrevo a seguir o ótimo artigo do colunista Ivan Martins, da revista Época, intitulado “Os homens que odeiam as feministas: de onde vem tanta irritação com as mulheres independentes?”

“Noto que virou moda na imprensa brasileira falar mal das mulheres independentes. Qualquer um que deseje cinco minutos de fama desce o cacete no “feminismo”, entendido como a atitude auto-suficiente das mulheres em relação aos homens.

“No jornal que eu assino, houve na última semana dois artigos esculhambando mulheres que trabalham e não parecem interessadas em homens...Muitos homens gostariam de voltar ao período em que todos os empregos e todas as prerrogativas pertenciam a eles... Não é por acaso que os textos de ataque às feministas sempre arrumam um jeito de ironizar as mulheres que “vivem sem homem”.

Os autores dizem que a independência afetiva das mulheres “não passa de embromação”. Sugerem que todas elas gostariam de ter um macho forte e provedor que as levasse pelo braço. “É genético!”, garantem. Na falta de um homem de verdade, cercadas de moleques incapazes de assumir seu lugar histórico, as solitárias inventariam fantasias de auto-suficiência.

Eu, francamente, não sei de onde vem tanta bile. Qual é o problema das mulheres dizerem que são independentes e que vivem na boa sem um cara que conserte a pia? Em muitos casos é a pura verdade. Entre ter um casamento de merda e ir ao cinema, sozinhas, escolhem a segunda opção - mas tem gente que se ofende com isso.

Os cáusticos talvez achem que a mulherada deveria aguentar qualquer marmanjo. Ou então ficar chorando pelos cantos quando o emplastro fosse embora, em vez de erguer a cabeça e tocar a vida, orgulhosas. As mulheres parecem que discordam. Qual o problema? 

Isso significa o fim das relações estáveis entre homem e mulher? Não! Nunca ouvi qualquer mulher heterossexual dizer que não queria mais homens. Algumas não querem casar ou morar junto, mas isso é 100% diferente de recusar uma relação afetiva. Outras dizem preferir ficar sozinhas a estar com homens que não amam. Parece sensato.

Há muitas solteiras e divorciadas no mundo em que eu vivo, mas isso pode ser apenas inevitável. Não anda fácil arrumar parceiros estáveis, de qualquer sexo. Enfim, vejo mulheres sozinhas, mas nenhum movimento que dispense ou hostilize a presença masculina.  

Por que, então, tantos homens se sentem ameaçados? Não sei. Mas a minha impressão é que viver nesse mundo de mulheres auto suficientes está se tornando complicado... Há que ter nervos para lidar com isso.

Antes, uma mulher que trocasse de parceiros depois do casamento era punida com uma bruta censura social, senão com violência pura e simples. Agora, as mulheres fazem a troca sem que os parceiros possam objetar uma vírgula. 

Enfim, o nível de controle masculino sobre o que as mulheres vestem, falam ou fazem caiu espetacularmente. Elas estão livres inclusive para repetir nossos comportamentos mais destrutivos e egoístas, e muitas vezes o fazem. 

Conviver com isso requer personalidades menos controladoras, gente mais segura e confiante, homens dispostos a colaborar em relativa igualdade. Quantos caras você conhece que cabem nessa definição? Poucos – e não adianta procurar entre os que odeiam as feministas."


Links referidos no texto:

*http://rosemerynunescardoso.blogspot.com.br/2009/10/cinema-paradiso.html
**http://rosemerynunescardoso.blogspot.com.br/2012/11/mas-enfim-relacionamentos.html







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