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quinta-feira, 3 de outubro de 2013

A sexualidade duvidosa dos personagens de games e quadrinhos

Enquanto o século XXI caminha a passos largos em direção a avanços tecnológicos impressionantes (e inimagináveis décadas atrás), ao mesmo tempo parece que o ser humano, ao contrário, involui como homo sapiens capaz de livre arbítrio, e volta a ser primata retrocedendo a arcaicos conceitos bíblicos que só trouxeram preconceitos e intolerâncias durante séculos, como acontece agora, de volta à cena, a ridícula “cura gay”, entre outros tantos retrocessos.

Como cinéfila e adorável anarquista, “já vi esse filme”. Fico perplexa ao perceber que passam os séculos, e o ser humano continua egoísta, mesquinho, massacrando minorias em nome de um “deus” malévolo e castrador, só por ser esta “tal minoria” diferente do “ser perfeito que Deus criou”.

Ora, se Deus criou o ser humano à sua imagem, Ele se esqueceu das “imperfeições” que criou?... e se Deus fosse gay ou negro? A tal “soberania” da chamada “raça pura ariana” é que levou a humanidade às atrocidades do holocausto; em contrapartida, o divertido filme brasileiro “O Auto da Compadecida” termina com a bela cena de “Deus disfarçado de negro e mendigo para testar a bondade dos homens” .



O patrulhamento em cima da individualidade alheia soa arcaico nos dias de hoje; cada um deveria ser livre para fazer suas escolhas, desde que estas não afetassem o bem estar da sociedade como um todo, e assim cada um poderia optar pelo seu próprio bem estar, ou seja, quem quer ter um relacionamento hétero, homo, inter-racial, ou mesmo ser casto, ou até poligâmico, que seja, desde que essa escolha seja compartilhada e aceita, sem restrições, pelo seu parceiro, o único interessado em questão.

Ou seja, a questão sexual de cada um deve ser de interesse apenas do casal, seja ele hétero, homo e outros; o que me incomoda são as falsas declarações, por exemplo, de mulheres traídas que fingem não ligarem para tal fato, mas interiormente se sentem inferiorizadas e preteridas, e mesmo sofridas continuam a aceitar as traições dos seus homens; o que não suporto são os enrustidos que fingem ter atração por mulheres, enganando-as por longo tempo, em nome de manter em sigilo sua verdadeira escolha sexual dentro do armário.

A hipocrisia e patrulhamento em relação a sexualidade não é nenhuma novidade nem mesmo no mundo dos gibis; por exemplo, sempre rolou a suspeita do envolvimento do Robin como a paixão secreta do Batman, e que este nunca “teve olhos” para a Mulher-Gato, mas sempre a questão foi camuflada, por conta da sociedade preconceituosa, e a dúvida não paira só sobre esses famosos heróis dos quadrinhos.

O que não dá para suportar é a hipocrisia dos enrustidos que, como é mostrado no vídeo sobre “a sexualidade duvidosa dos personagens dos games”(abaixo), por não admitirem “sair do armário” e ter que “prestar contas à sociedade”, os produtores desses jogos, às vezes, resolvem dar aos personagens um “ar de macho, fazendo-os xavecar de leve mulheres desavisadas”, numa atitude típica de enrustido que, quando começa a dar bandeira, tenta dar uma de pegador só para disfarçar, fazendo parecer que não é do babado.

Ao som de "Macho man" do Village People, de "I want to break free" do Queen e de Telma, eu não sou gay” (a versão hilária do cantor Ney Matogrosso para a música romântica brega “Tell me once again”, dos anos 70, do grupo “Light reflections”), o divertido vídeo dá um apanhado geral nas histórias camufladas dos personagens andróginos de games famosos, como a dinossaurinha rosa de nome Birdo, de sexo duvidoso, do “Mário Bros”, o (ou a?) doce Tales do “Sonic”, o metrossexual Benimaru do “King of fighters” e a personagem transexual de nome Poison, do game “Final fight” (“quem vê peitão, não vê pomo de Adão”, por sinal muito bem escondido, estrategicamente, por uma coleira no pescoço). Revelações hilárias nesse vídeo (abaixo).


A sociedade não tem que cobrar se o fulano transa ou não, e com quem quer ou não transar, isso só diz respeito aos envolvidos, e até quem quer viver sem sexo também não deveria ser cobrado como se fosse um E.T.

O belo romance “Na praia” (que em breve chegará ao cinema, e que segundo o autor britânico Ian McEwan, é baseado numa história verídica), conta a história de uma mulher apaixonada, nos anos 60 (pouco antes da revolução sexual), que, por algum motivo não explicado no livro, propõe ao amado manter-se casta, virgem, mesmo depois do casamento, e o amante ao invés de tentar compreendê-la e juntos tentarem solucionar a possível causa do temor de sexo da protagonista, ele a abandona e se arrepende disso pelo resto da vida.

Mas parece que nem tudo está perdido, parece que a hipocrisia está sendo lentamente vencida. Já existem personagens assumidamente homossexuais no mundo dos games e, claro, o cinema vem colocando abaixo preconceitos e encarando com naturalidade qualquer forma de prazer e bem estar no âmbito sexual. Existem casais (ele gay e ela lésbica) que desistiram de ir contra a intolerância familiar e se uniram, em comum acordo, como um cala-boca para a sociedade, mas pelo menos a quatro paredes ninguém engana ninguém, é mais honesto assim. 

Em contrapartida, outros tiram proveito do preconceito, como é o caso do ator e comediante Paulo Gustavo, que usa e abusa da sua condição de gay assumido, mostrando a dificuldade de quem é do babado de sair do armário, na peça teatral "Minha mãe é uma peça" (agora também na telona) - veja abaixo a hilária cena da Dona Hermínia avisando que o filho vai “encalacrar na viadagem, pois mãe faz vista grossa e o menino sabe toda a coreografia daquela nega a Cebion (o ator desde a adolescência faz imitações da cantora negra Beyoncé).



E para os que fazem cara de desdém e nojo quanto a assistir cenas homoeróticas no cinema, a verdade é que até sexo entre héteros, se for mal filmado, também pode ser esdrúxulo, como acontece em muitos filmes pornôs entre héteros, muitos deles extremamente broxantes tal a má qualidade das cenas e, ao contrário, filmes como “O segredo de Brokeback Mountain” e o recente “Flores raras” (do brasileiro Bruno Barreto, com a atriz Glória Pires) mostram cenas homoeróticas de muito bom gosto (trailers no final do texto); é uma questão do diretor saber levar a cena de sexo, podendo tornar a mesma envolvente ou broxante, seja ela entre héteros, homos, inter-raciais ou outros (como acontece em cenas de filmes de lutas de boxe, um talentoso cineasta pode conseguir transformar lutas horrendas e sangrantes em quase poesia). 

Ator completo e sem preconceitos, Sean Penn está excelente e “assumidamente gay” (veja no final do texto) em “Milk, a voz da igualdade” sobre a história verídica do primeiro político gay eleito nos EUA nos anos 70 que foi assassinado por outro político, este casado, pai de família e com preconceitos religiosos enraizados, mas aparentemente enrustido e mal-resolvido, que acaba depois se suicidando.

E em tempos de festival de cinema (que está acontecendo agora aqui no Rio de Janeiro) sempre rola fitas alternativas que procuram mostrar como é importante a tolerância e a compreensão da família e da sociedade em situações em que a sexualidade ainda está se formando, como no caso da adolescência, evitando-se assim preconceitos e maiores tragédias; assim cito como exemplos os belos filmes franceses, “Minha vida em cor de rosa”, do final dos anos 90 (a história do jovem que se sente e se veste como menina), e o recente “Tomboy” de 2011 (a história da garota que se deixa passar por menino), sobre adolescentes perdidos em meio ao aflorar da sexualidade, e como sempre o belo cinema europeu não faz apologia nem condena o comportamento desses adolescentes, o que está em jogo é o caráter do personagem, e fica a critério do espectador tirar suas próprias conclusões e ensinamentos (trailers desses filmes no final do texto).

É decepcionante para mim como adorável anarquista saber que em pleno século XXI ainda estamos nos preocupando com a cor das pessoas e a opção sexual delas, em ter que parecer feliz ao invés de procurar realmente ser feliz, e esquecemos que o que deveria realmente importar é o caráter do ser humano, o altruísmo, a alteridade das pessoas, mas essas qualidades parecem pouco importar num mundo em que é o Facebook quem “dita a moda e é a vitrine da futilidade e da mediocridade do ser humano. Lamentável.















2 comentários:

  1. Rose, Dr Steve Leandro STEVE se DEPILA! Aiaiaiaiuiuiui! Ele e dr M. UCo são duas bichonas!

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  2. Olá Anônimo (não tão anônimo assim)
    Eu, como mulher hétero muito bem resolvida, posso falar pela maioria de nós, e saio em defesa do Dr Steve, pois uma depiladinha básica (sem exageros, é claro) às vezes é fundamental, pois mulher nenhuma gosta de neanderthal cheio de pêlos em demasia nas costas ou saindo pelo nariz ou pelas orelhas. Quanto ao outro citado, sem comentários, o problema dele é que ele é misógino e homofóbico ao mesmo tempo, se um dia tiver coragem de sair do armário, vai ser feliz.

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