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sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Para mães "surtadas" e filhos "pentelhos"

Uma amiga reclama do filho pré-adolescente que não estuda, e que ainda diz, com a cara mais lavada do mundo, “se esforçar” muito, e ela, diante da declaração do rebento, ainda chora, copiosamente, se sentindo culpada, literalmente “a pior mãe do mundo”. 

Enquanto ela se descabela, eu ao contrário acho graça, porque já passei por isso, ou por algo pelo menos parecido, com os meus “ex-pentelhos”, e sobrevivemos todos (eu e meus filhos); aliás, todos nós passamos por situações bem parecidas, antes como filhos, e agora, do outro lado, como pais.
Pré-adolescência... depois que passa é, inclusive, divertido relembrar, e rir junto com os filhos, agora adultos e “ex-endiabrados”.

Pré-adolescência... O adeus à infância. Hora de questionar o mundo dos adultos. Natural e muito saudável. Rebeldes, hormônios em profusão. Perdidos, os adolescentes não aceitam (mas sem perceber, imploram por) limites.

Precisam de conselhos, mas fogem deles. Possuem um grande afã de independência. Os pais não devem ser permissivos, muito menos autoritários.  Nessa hora é preciso autoridade (não confundir com autoritarismo) dos pais.
Adolescentes experimentam grande instabilidade como alegria X tristeza, responsabilidade X inconsciência, solidão X afeto, timidez X audácia, passando de um sentimento a outro com grande facilidade.

Um dos nossos grandes erros como pais (e que minha amiga comete a toda hora, a ponto de compartilhar seu desespero com todos, publicamente, no Facebook): o grande erro é acharmos que os adolescentes entendem os nossos problemas e as nossas dificuldades de adultos; à luz da nossa maturidade, os problemas dos adolescentes podem nos parecer tão óbvios quanto absurdos quando comparamos aos nossos, mas jovens recém-saídos da infância ainda não podem ter essa nossa experiência de vida.

Mas nós sim, temos obrigação de entender o que eles estão passando, pois já fomos adolescentes um dia (mas também não podemos comparar a atual adolescência com a nossa, pois os tempos mudam, os conceitos e os pré-conceitos também mudam).
Daí a importância de nos colocarmos no lugar deles e de não simplificarmos nem minimizarmos os problemas deles, comparando com os nossos, pois para eles os conflitos por que passam são tão grandes ou até maiores que os nossos.

A pré-adolescência é a melhor idade para adquirirem o sentido da responsabilidade, mas precisam de orientação e direção. É preciso dar apoio diante dos fracassos, admitindo para eles que as coisas assim aconteceram por falta de experiência ou inadvertência, mas não permitir que volte a se repetir o acontecido, cobrando do adolescente maior compromisso e responsabilidade numa próxima tentativa e oportunidade.
E como cinéfila, transpassei muitas destas dificuldades escolares, hormonais, emocionais e psicológicas dos meus pimpolhos com a ajuda providencial da sétima arte.

Eu preparava a sala “de cinema” (com home-theater e som “surround” de preferência), providenciava o “escurinho” do cinema, a pipoca e o refrigerante, e abria a grande poltrona “sofá-cama” para caber todos, pernas entrelaçando por baixo do edredom numa cumplicidade emocional única...

... e de repente estávamos todos dentro da tela, participando da história tal qual a personagem Sofia, no filme “O mundo de Sofia”(detalhes abaixo) ou como a personagem de Mia Farrow no filme “A rosa púrpura do Cairo” de Woody Allen.

E depois que adotei a sétima arte como “currículo escolar” dos meus pimpolhos nunca mais tive problemas escolares com eles, passaram a gostar de estudar e melhoraram inclusive na escrita e na gramática, tanto que tiraram nota máxima nas redações nos vestibulares das universidades federais, e hoje em fase final da faculdade, continuam estudando com afinco e passam tranquilamente em todos os concursos que se metem a fazer.
E assim, aproveito para dar algumas dicas de cinema (que servem como entretenimento, reaproximação emocional com os filhos, e de quebra uma aula prática de história, geografia, ciências e outras) para a minha querida amiga “surtada” (que, como eu, é “intensa e vale por cinco”) e para quem mais estiver nessa fase da vida dos filhos (pois bem sei que, por mais um pouco, o que se quer mesmo, nesta hora, é “esganar” o pobre rebento).
Para uma reaproximação emocional entre pais e filhos, recomendo “Conta comigo” (link* para detalhes do filme no final do texto), “Peixe grande e suas histórias maravilhosas”, o iraniano “Filhos do paraíso” (trailers no final do texto) e os franceses “A guerra dos botões” e o clássico “Os incompreendidos” de François Truffaut.

“A guerra dos botões” (do livro homônimo do escritor Louis Pergaud, escrito no início do século passado) foi filmado inicialmente na década de 30, mas a refilmagem francesa nos anos 60 é clássica e única (mas já refilmado pelo cinema estadunidense na década de 90, e agora foi refilmado em 2011, novamente na língua francesa). Recomendo a versão da década de 60 (não assisti a atual de 2011) dirigida por Yves Robert, mas como é em preto e branco e difícil de conseguir em locadoras (o jeito é “baixar” o filme na internet), tem a versão americana em cores e a nova versão francesa também em cores.
O filme (abaixo, trailer da versão francesa atual e, no final do texto, a versão clássica dos anos 60 e a estadunidense dos anos 90) conta a história, em tom de comédia, dos conflitos por que passam os nossos filhos, mas na verdade, trata-se de uma verdadeira sátira à guerra “surda” dos adultos, com uma escalada de conflitos como traição, humilhação, delação, crueldade, mas também um aprendizado sobre liberdade e independência. É um belo filme (e a minha amiga vai curtir mais ainda, pois está estudando francês) para adolescentes e adultos pensarem (e repensarem em parceria) sobre conceitos de vida e sentimentos (nobres ou não).


Para começar a gostar de estudar e para aprimorar o gosto pela leitura, recomendo “O mundo de Sofia” (link*, para melhores detalhes do filme, no final do texto) com a história da adolescente que passa a gostar de estudar história e filosofia através da magia da leitura e do cinema. E depois que começar a curtir estudar pelas mãos do cinema, recomendo a leitura e mais dicas nos seguintes textos “Cinema: uma lição de casa e de vida”, “Os bons e eternos companheiros” e “Por que cinema, cinema e...cinema” (links* no final do texto).

Para puro entretenimento, recomendo o infantil “Os batutinhas” (trailer no final do texto) que é uma versão cinematográfica baseada numa famosa série televisiva homônima, “The little rascals”, dos anos 30, e também “A invenção de Hugo Cabret” ((link*, para melhores detalhes do filme, no final do texto).

E para quem quer fantasiar ainda mais essa nossa vida tão dura, leia o texto “Fantasie sua vida”, com dicas de filmes desse gênero (link* no final do texto).

Bons tempos, inesquecíveis. Mas nada a reclamar, ainda continuamos, eu e meus filhos (agora jovens adultos), nos reunindo, nos divertindo e nos emocionando juntos, com o cinema ainda como fiel testemunha.

*Links citados no texto:
http://rosemerynunescardoso.blogspot.com.br/2010/05/conta-comigo-stand-by-me.html
http://rosemerynunescardoso.blogspot.com.br/2010/05/ainda-conta-comigo-carta-um-jovem-ator.html
http://rosemerynunescardoso.blogspot.com.br/2010/05/fantasie-sua-vida.html
http://rosemerynunescardoso.blogspot.com.br/2010/12/cinema-uma-licao-de-casa-e-de-vida.html
http://rosemerynunescardoso.blogspot.com.br/2009/12/por-que-cinema-cinema-cinema-ecinema.html
http://rosemerynunescardoso.blogspot.com.br/2012/10/filosofando-no-cinema-muito-mais-que.html
http://rosemerynunescardoso.blogspot.com.br/2010/02/onde-vivem-nossos-monstros.html
http://rosemerynunescardoso.blogspot.com.br/2010/01/despertar-o-gosto-pela-literatura.html
http://rosemerynunescardoso.blogspot.com.br/2010/06/os-bons-companheiros-livroscinemamusica.html
http://rosemerynunescardoso.blogspot.com.br/2013/03/velhos-tempos-lembrancas-saudade-e.html
















domingo, 1 de dezembro de 2013

Meu único preconceito: FRamenguistas BBBs

Quarta feira, dia 27 de novembro. Jogo do Flamengo programado para aquela noite. Eu tinha desistido de atravessar a ponte Rio-Niterói, desmarcando um compromisso no fim da tarde, no Rio de Janeiro. Motivo? Óbvio, como o jogo aconteceria no Maracanã, já antevendo o nó cego no trânsito por conta do mesmo, pois a malfadada torcida do Flamengo, ganhando ou perdendo, tumultua toda a cidade (se o time ganha, comemoram bebendo e fazendo baderna fechando o trânsito, e se perde, afogam também as mágoas na bebida e brigam até entre eles).

E querem reclamar da passeata gay que acontece apenas uma vez no ano, e de manifestações de grevistas que só acontecem ocasionalmente atravancando o trânsito da cidade, enquanto a pentelha torcida flamenguista tumultua a paz do carioca, pelo menos, duas vezes por mês, pouco importando se ganhando ou perdendo o jogo.
Morta de cansada depois de um dia de intensa labuta, espero pacientemente o término do jogo naquela noite, não dá prá dormir, pois durante o mesmo, a algazarra é esperada (atitude saudável em qualquer tipo de esporte, nada a reclamar) e, como moro em Icaraí, no primeiro quarteirão da praia, numa rua onde toda e qualquer manifestação na cidade de Niterói se concentra inicialmente, antes de tomar a praia (todas as torcidas de todos os times, carnaval de rua, parada gay, virada do ano e outras), então não tem jeito, faz parte o buchicho, e é uma das muitas razões de adorar morar ali.

E, como todos sabem, o Flamengo dessa vez ganhou, e óbvio, tumulto geral na minha rua (fogos, algazarra, gritos, buzinaço, bebidas e gente a rodo nos bares), tudo muito saudável, nada a reclamar, afinal o jogo acabara de acontecer. Mas, avessa a futebol (nada contra o esporte, sou contra a atual política que reina no mundo futebolístico, com jogadores mercenários e clubes corruptos), se as tais comemorações dos flamenguistas ficassem por aí, como qualquer outra torcida ou comemoração, tudo bem, mas não, em geral não é assim que acontece com a pentelha torcida flamenguista.
Quinta-feira, dia 28 de novembro, sol a pino, horário de verão, duas horas da tarde. Dia de labuta, eu me encaminho para o estacionamento nos arredores do meu hospital (ainda sem almoço e já atrasada para o batente da tarde, em outro hospital), e me deparo com um bando de desocupados (homens de 30-40 anos em plena idade produtiva) num bar da esquina.

Todos “a rigor” com suas camisas suadas (e surradas) e bandeiras nas cores vermelho e preta (separadas são cores lindas, mas juntas não combinam, parecem demoníacas), literalmente “mamados” (desde a véspera provavelmente) com o “famoso copo de geléia” na mão, cheio da “branquinha ardente” ou da “loirinha espumante”, com tambores e algazarra, e óbvio, as vozes “cambaleantes” cantando o “chatérrimo” hino do time. Aff, não dá prá ser feliz. Por isso o país não vai prá frente.
Os defensores do time hão de dizer que é implicância minha, que “devem estar de férias do trabalho” (quantas vezes no ano tiram férias???), que a cena é vista comumente no nosso dia a dia, mas não, sinto dizer mas, nos dias seguintes aos jogos, raramente esta cena esdrúxula acontece com torcedores (mesmo os fanáticos) de outro time do Rio de Janeiro (pode ser que aconteça com os do Corinthians) e, ao contrário, é muito comum fanáticos torcedores do Flamengo se reunirem em bebedeiras, brigas e baderna geral.

Sexta-feira, dia 29 de novembro. Plantão rolando, um dos pacientes internados é usuário de drogas ilícitas, e alguém comenta, “em off”, ter preconceito contra usuários. Não tive tempo (pacientes muito graves em Unidade Intensiva) de perguntar qual o tipo de preconceito em relação a isso, mas depois fiquei matutando em que situação eu costumo ser preconceituosa.
Pensei, pensei e... Homossexuais? Não, não tenho. Convivo com gays e lésbicas sem problemas, aliás, acho que respeitam muito mais as mulheres do que os machos héteros, talvez por sofrerem os mesmos preconceitos machistas que nós, mulheres héteros, sofremos.

Sábado à noite, dia 30 de novembro. Vou a um show de jazz e blues ao ar livre em plena Rua Moreira César, bem no “coração” de Icaraí (outro motivo de adorar morar em Niterói, nesse charmoso bairro). Tributo a Celso Blues Boy, com integrantes da banda do nosso músico famoso (gravou com grandes nomes, como BB King e influenciou muitos “bluseiros” no Brasil), morto no ano passado.
Amante da sétima arte, me lembrei dos primórdios do blues que surgiu na América com Muddy Waters, Chuck Berry, Little Walter, Etta James, todos retratados no filme “Cadilac records” (veja abaixo, e link* para mais detalhes sobre a história do nascimento do blues, no final do texto).


E volto a lembrar do tema preconceito. Não, não tenho preconceito contra negros, ao contrário, acho inclusive que são os negros “os salvadores da América”, pois foi a música deles que levou ao rock e às grandes revoluções no mundo da 1ª arte. E o que seria do povo americano, não fosse a miscigenação, pois a raça caucasiana pura é em geral muito feia e sem graça.

E eu, mesmo sem ter herdado os olhos azuis do meu pai descendente português (e vascaíno, óbvio), agradeço o meu “pé na senzala” com os meus cachos e minha boca carnuda, minhas marcas registradas, por conta da ascendência negra da minha mãe (que teve uma bisavó escrava), sem contar minha pele morena resistente, sem estrias, (quase) eternamente jovem.

E olho ao meu redor, o palco montado em plena rua de lojas de grifes charmosas, fechada e coberta por um grande tapete vermelho, e respiro aliviada ao ver jovens na tenra idade, repetindo o famoso refrão dos anos 80, “aumenta que isso aí é rock and roll”. Thank God, a juventude ainda está a salvo, alguns ainda têm bom gosto, nem tudo foi tomado pelo decadente funk com suas letras de gosto duvidoso, ou então pelo brega sertanejo (não confundir com a ótima música do sertão nordestino) com seus cantores de vozes esganiçadas e letras sofríveis de pseudo-romantismo.
E mais uma vez, enquanto rolava “o brilho da noite” e continuava “chovendo na rua” (coincidindo com a letra da música, chovia de verdade) e mesmo “sentindo calor, tremendo de frio” (abaixo e no final do texto, vídeos das músicas com o artista), voltei a pensar na história do preconceito.


Olho em volta, e no meio da turma eclética que assistia ao show, ninguém com camisa do Flamengo, diga-se de passagem (bom gosto não se discute, apesar de ter certeza que ali tinha muitos conscienciosos flamenguistas), eu vejo “rastafáris”, “ripongas”, cabeludos de rabo e trança, e penso “com certeza, rola um baseadinho light nesse grupo”, e de novo...

Não, não tenho nenhum preconceito também com essa galera, não é minha praia, mas até acho-os inclusive interessantes, pois são livres e não vivem escravos do vil metal (o que não é o caso de quem trafica). Quanto aos viciados em drogas pesadas, em geral, seja rico ou pobre, há sempre algum grave desajuste, social e/ou psicoemocional, por trás da dependência.
Hoje, domingo de manhã, 01 de dezembro. Já vai longe o jogo do Flamengo. E de repente, caminhando pela praia (dia chuvoso, mas caloroso) vejo na rua, vindo ao longe, um espécime masculino, bem ao estilo “bad boy” (tatuado e bombado) com a famigerada camisa do Flamengo e, ao cruzar meu caminho, solta uma cantada vulgar com um português sofrível. Aff, quero vomitar.

Eureca. Taí o meu único preconceito. Homem com camisa do Flamengo. Ao vê-los com a horrorosa camisa, em dia comum (só dou desconto se for dia de jogo ou, no máximo, no dia seguinte ao mesmo, e olhe lá), para mim, rotulo-os imediatamente como BBB (não “Big Brother Brasil”, que é outra merda), ou seja, para mim, até prova em contrário, ou o cara é burro, ou é bandido, ou então é babaca (machista que se acha o fodão). Isso quando não reúne todas as três “qualidades”, o típico “BBB” num só tipinho, como foi o caso do transeunte que passou por mim nesse infeliz domingo na praia. Aff de novo.

Em tempo: antes que eu seja “metralhada” por algum FRamenguista “inflamado” (como “adorável anarquista”, adoro provocar  a malfadada torcida), tenho três irmãos (que adoro de paixão), todos flamenguistas (todos temos defeitos, fazer o que?), mas nenhum deles BBB. 

*http://rosemerynunescardoso.blogspot.com.br/2011/04/o-cinema-e-os-grandes-nomes-da-musica.html










sexta-feira, 29 de novembro de 2013

O direito ao FODA-SE

O texto O direito ao foda-se”, que transcrevo abaixo, no final do meu texto, circula na internet, equivocadamente como de autoria do Millôr Fernandes. Apesar do texto audacioso lembrar muito a irreverência do escritor, em todas as biografias oficiais do Millôr não há relato de que tal texto seja de sua autoria.

Enfim, muito antes de conhecer esse texto, eu já tinha experimentado o poder de um palavrão, quando proferido na hora certa e principalmente quando bem direcionado. O meu apelido “adorável anarquista” vem um pouco dessa minha irreverência, que fui com muita honra “aperfeiçoando” com a idade.

A sensação de liberdade, de autoestima, de retomar as rédeas da minha vida e do incrível bem estar interior, que me acontece depois de eu mandar um “foda-se” (para alguém que, com certeza, implorou para que eu assim o fizesse) é indescritível. Eu rejuvenesço a cada dia após mandar um palavrão merecidamente para alguém que, em geral, implorou por tal.

Ou seja, eu costumo economizar no meu estoque de palavrão. Tem a hora certa para proferi-lo, e como diz o tal texto, o “foda-se” aumenta minha autoestima, “me torna uma pessoa melhor . “Reorganiza as coisas . “Me liberta (é exatamente o que diz o texto e como eu me sinto). 

“Tem coisas na vida que não tem preço. E essa é uma delas. Essa sensação indescritível (de liberdade total e irrestrita) experimentei quando mandei certo professor psicopata, na ocasião meu então chefe, tomar “no olho do cu”, e rotulei a assistente dele (típica 171) do palavrão (quase “carinhoso”) “motherfucker” (chique, não? rsrs). E para tanto, me preparei para tal, ou seja, me vesti a rigor (pois para xingar é preciso classe), e esbravejei imponente do alto dos meus sapatos de salto-agulha e da minha boca carnuda pintada de batom vermelho.

E saí dali, “vento batendo no rosto, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios” (como diz o texto) e fui direto denunciar os dois canalhas (o chefe e sua assistente) no conselho de ética do meu trabalho (que, como sempre, em nosso país moroso e corrompido, o processo se encontra parado, mas fiz minha parte pois não fui a única vítima dos tais motherfuckers). 
Ou seja, fundamental para se sair bem, a altura, quando da necessidade de proferir um xingamento, é estar bem vestido, principalmente se você for uma mulher (por conta do preconceito sexista) senão você vai ser rotulada de “barraqueira”, mas se você estiver a altura do xingamento que você proferir, você será creditada como “autêntica”, “original”, “corajosa”, se não, no máximo, “excêntrica” (não para o xingado, óbvio, mas os que se sentem também injustiçados, estes agradecerão e te aplaudirão, foi o que aconteceu comigo, pois saí ovacionada do recinto).

E hoje, quando tenho que me referir ao tal professorzinho de merda (obviamente, meu ex-chefe, thank God), eu o faço chamando-o de “motherfucker” e, mais importante ainda, intitulando-o de “PhD em porra nenhuma”, pois ele é o protótipo do chefe idiota, bravata e incompetente,
e assim denuncio “o justo escárnio contra descarados blefes” e “a justa denúncia pública de um canalha” (como diz o texto), e com isso mando um “aviso aos desavisados” para saberem, de antemão, com quem estão lidando (para não serem assediados moralmente como eu fui, por eu ter descoberto que se tratava de um imperito, um engodo, uma farsa).
Eis, enfim, o texto original O direito ao foda-se:

Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos... “Prá caralho”, por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que “Prá caralho”? “Prá caralho” tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via-Láctea tem estrelas “prá caralho”, o Sol é quente “prá caralho”, o universo é antigo “prá caralho”...

No mesmo gênero do Prá caralho”, mas, agora expressando a mais absoluta negação, está o famoso “Nem fodendo!”. O “não, não e não!” e tampouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade, “não, absolutamente não!” o substituem. O “Nem fodendo” é irretorquível e liquida o assunto. Te libera, com a consciência tranquila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo “Presta atenção, filho querido, NEM FODENDO!. O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa... 

Por sua vez, o “porra nenhuma!” atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a bravata daquele chefe idiota senão com um “é PhD porra nenhuma!... O “porra nenhuma”, como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha.

Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um puta-que-pariu!”, ou seu correlato “pu-ta-que-o-pa-riu!”, falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba. Diante de uma notícia irritante qualquer um “pu-ta-que-o-pa-riu!” dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.

E o que dizer de nosso famoso “vai tomar no cu!”? E sua maravilhosa e reforçadora derivação “vai tomar no olho do seu cu!”. Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: “Chega! Vai tomar no olho do seu cu!”.

Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua autoestima. Desabotoa a camisa e saia à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.

E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: “Fodeu!”. E sua derivação mais avassaladora ainda: “Fodeu de vez!”. Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação?

Sem contar que o nível de estresse de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de foda-se! que ela fala. Existe algo mais libertário do que o conceito do foda-se!O “foda-se” aumenta minha autoestima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta".
Não quer sair comigo? Então foda-se!. "Vai querer decidir essa merda sozinho(a)? Então foda-se!O direito ao “foda-se!” deveria estar assegurado na Constituição Federal.  Liberdade, igualdade, fraternidade e FODA-SE.

Em tempo: a dupla de “stand up” Leandro Hassum e Marcius Melhem já usaram parte desse texto num dos seus esquetes no palco (assista abaixo).



terça-feira, 19 de novembro de 2013

Amar e odiar intensamente

Perdi a conta de quantos já me rotularam como uma pessoa “intensa”, numa referência a “tudo que vivo, eu o faço intensamente”. Realmente, eu me jogo de cabeça em tudo que faço, e raramente admito derrota antes de tentar vencer a todo custo, e principalmente, tanto amo, como odeio, sempre intensamente, nunca, jamais superficialmente.

Vivo, amo, curto, assim como odeio e sofro sempre da mesma maneira, intensamente. Posso curtir tão intensamente um simples e modesto banho de chuveiro do mesmo jeito que curtiria um banho de imersão numa suíte presidencial de um hotel cinco ou seis estrelas. E expresso isso em palavras, sempre intensamente, por mais simples ou sofisticada que tenha sido a experiência.
E quando odeio (algo ou alguém), eu também o faço do mesmo jeito, sempre intensamente. E sempre de maneira explícita, ou seja, o dono da minha paixão, como do meu ódio, sempre será o primeiro a perceber esse turbilhão de sentimentos.

E uma das coisas mais chatas, que me irrita e que tem a ver com esse meu discurso de “amar e odiar intensamente”, é quando abro o Facebook (raramente o faço, só me obrigo a manter meu cadastro na rede porque é uma ferramenta dinâmica que tem uma grande utilidade de comunicação imediata e coletiva em grupos fechados) e me deparo, logo na página inicial, com a frase: “pessoas que talvez você conheça”.

“Pessoas que talvez você conheça” – com certeza, você já se deparou com essa frase acoplada ao lado do retrato da pessoa em questão. Será que a implicância é só minha, será que alguém compartilha comigo essa chatice?... Parece que não sou a única que se queixa desta e de muitas outras chatices do Facebook, como mostra o vídeo abaixo (e, no final do texto,  assista outros  “reclamantes”, como o roteirista norte-americano Julian Smith e outros).

“Pessoas que talvez você conheça”... taí uma ferramenta irritante que essas pentelhas redes sociais disponibilizam, para que você adicione alguém que faz parte do círculo social de algum amigo, mas que você não tem interesse algum em conhecer, muito menos de se tornar amigo.
E quando você menos espera, “tá lá o pedido de amizade” do então (quase) desconhecido (quando decidi entrar na rede, me prometi adicionar no máximo trinta pessoas, mas já dobrei essa lista e vivo fugindo dos inúmeros pedidos para “responder solicitação de amizade”) – na verdade, o(a) fulano(a) apenas quer você na lista para fazer número (como se ter muitos “amigos” no Facebook, fosse sinal de popularidade!).

Isso quando não é um chato de galocha ou, pior ainda, quando não é alguém do seu passado que te esnobou, e que agora “acha que você está por cima” e faz questão de “ser seu amigo”, ou no mínimo quer bisbilhotar a sua vida, mas você mesmo não quer ver o(a) fulano(a) nem pintado(a) de ouro.
Maldita hora que resolveram achar que uma máquina pode substituir o serviço de um ser humano; com certeza falta alma num robô, pois deveria constar o complemento fundamental, junto aos tais dizeres: “pessoas que talvez você conheça”,... e talvez você odeie”.

Concordo que entraríamos no campo da intimidade e privacidade, expondo os podres de cada um; mas fala a verdade, isso tudo é um saco, a gente quer se ver livre de certas figuras no nosso dia a dia, e de repente, no sossego do nosso lar, através da maquininha mequetrefe, a tal “persona non grata” invade nossa intimidade, se “oferecendo” para um futuro bate-papo amigo!!! É o fim da picada!!!

E lá está, na sua tela do monitor, o retratinho com o nome de uma das pessoas mais desprezíveis que você já conheceu na sua vida, em toda a face da Terra, que você passa o dia todo tentando evitar no trabalho, na rua,... e quando isso acontece, tenho ânsia de vômitos, e fecho essa merda de rede social para não mais ter que olhar para a foto do(a) “motherfucker”...

Mas, aí fico a me perguntar, por que cargas d’água aquele meu amigo teve coragem de se relacionar com o(a) tal? Tem gente que adiciona qualquer um na sua “lista de amigos” e, sem saber, adiciona o(a) tal desprezível “motherfucker”. E agora a maquininha (desprovida de sentimentos, discernimento e de crítica), acha que você vai querer também adicionar o(a) “motherfucker” a sua lista de amigos...
E então, para não ter que me deparar com “personas non gratas”, eu desapareço por um tempo deste universo de futilidades que são essas redes sociais, até que alguém me mande algo relevante por esse meio, e sem outra opção eu volto, com muita má vontade, a acionar o site e volto a checar minha conta e eventuais recados que possam me interessar.

Por isso, sou tão explícita nos meus relacionamentos, quaisquer que sejam eles (amorosos, familiares, de amizade, de trabalho, etc). Não deixo dúvidas, para evitar constrangimentos, todos sabem quem eu amo e quem eu odeio (mas não me martirizo com ódios e rancores, eu apenas excluo o indivíduo das minhas relações, tornando-o invisível para mim, é como se o sujeito não mais existisse para mim, mas eis que a maquininha...).
Por exemplo, um colega de trabalho, hoje ex-amigo, algum tempo atrás, tentou um retorno da nossa antiga amizade, me interpelando ao vivo no trabalho, ao que eu respondi secamente: “a vida é feita de escolhas, você escolheu agir como um legítimo babaca em relação a mim, e em troca eu escolhi nunca mais olhar para sua cara escrota”, e virei as costas e nunca mais olhei para a cara do "asshole", ou seja, ele se tornou invisível para mim socialmente (como sou profissional, só falo com ele assuntos exclusivamente de trabalho, isso quando não me é possível delegar tal função a outrem).

Algumas pessoas hão de achar que eu vivo me corroendo “em ódio e rancor” (as que não me conhecem como "adorável anarquista"), mas é diferente quando o “motherfucker” é imperito, mau caráter ou antiético, aí não há como não denunciar, e as pessoas às vezes acham que eu nutro ódio pelo sujeitinho, mas nesses casos é uma questão de princípios, de não ser conivente com imperícia, mau caratismo e falta de ética, daí minha denúncia constante que, muitas vezes, é mal interpretada por muitos como “simples ódio e rancor inconsequente”.
Mas o objetivo de ser tão explícita nas minhas relações, é que assim evito receber indevidos “convites de amizade” (ao vivo ou virtualmente) dessas “personas non gratas” (o tal motherfucker e o tal asshole, com certeza, jamais me mandarão tais convites), mas nem sempre isso é possível, pois a tal maquininha não sabe desses “pequenos” detalhes sórdidos, porque, vira e mexe, me deparo, com os retratinhos do “tal motherfucker e do tal asshole” na lateral da minha “página inicial” do Facebook, em “pessoas que talvez você conheça” (aff... quero vomitar) e, de vez em quando, ainda recebo alguns desses inconvenientes convites.  

Muitos dirão que o tal recurso ajuda a encontrar amigos, etc. Ok, tá bom. Vá lá. Mas a tal ferramenta poderia vir oculta, e assim só seria acessada por quem quisesse procurar por "pessoas que talvez você conheça", e não vir exposta na minha página principal com a foto do "motherfucker e do asshole" a olharem sorridentes para mim!!! Que porre!!!

Assim, quanto à inevitável ferramenta, já que não dá para bloquear essas “sugestões de amizade” da minha página inicial (já tentei fazer isso e já me informei que não é possível) de algumas dessas “personas non gratas” (algumas delas “prá lá de asshole e motherfucker”), poderia então haver uma dica, mais ou menos assim: “pessoas que talvez você conheça,... e talvez você odeie”, e junto aos tais dizeres, o detalhe mais importante, a frase deveria vir acrescida de um “não me add, please”. Tenho dito.




sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Remakes hollywoodianos de fimes europeus

Não é de hoje que Hollywood faz remakes de filmes europeus. E é sempre muito interessante a abordagem de um mesmo filme pelo cinema americano e pelo europeu.

Um mesmo filme, pela visão do europeu, é abordado de maneira muito mais intimista, muito mais existencialista (provocando reflexões próprias em cada espectador), enquanto o cinema americano investe na ação e nos efeitos visuais, abordando muito de longe os sentimentos e as emoções (quando o fazem é, muitas vezes, de maneira quase apelativa, visando arrancar “lágrimas até de crocodilo”). Óbvio que não é uma regra, há muitas exceções (afinal, a indústria cinematográfica, principalmente a estadunidense, tem uma produção imensa).

As películas européias têm, em geral, tomadas longas, cercadas de sutilezas (as pessoas com pouca sensibilidade costumam achar esses filmes chatos e maçantes), dando tempo ao espectador para que pense (e repense) no que está a assistir, e assim tire suas próprias conclusões (e isso é fundamental, principalmente nos dias de hoje, quando se trata de temas polêmicos, sejam eles socioculturais, sexuais ou religiosos).

Já as versões americanas são sempre mais explícitas e rápidas, e dão o desfecho final que convém ao diretor e ao estúdio em si, sem dar tempo ao espectador de ter sua própria opinião sobre o tema abordado (para quem não tem muita “massa cinzenta” para gastar, é um “prato cheio”, muita ação e pouco conteúdo).

Os questionamentos sobre essa onda de remakes são inúmeros. Falta inspiração e criatividade em Hollywood? Uns alegam necessidade de “renovação”, aproveitando os novos avanços tecnológicos, porque “as novas gerações não estariam dispostas a assistir filmes antigos”, com poucos recursos em matéria de efeitos especiais, etc.

Pode ser, mas no caso dos filmes da trilogia “Millenium” (baseada no livro do jornalista sueco Stieg Larsson, que escreveu uma saga sobre violência sexual contra mulheres, em três volumes), a película original intitulada “Os homens que não amavam as mulheres”, de nacionalidade sueca, foi filmada em 2009, e apesar do sucesso internacional de crítica e de público, logo a seguir (apenas dois anos depois) veio o filme americano intitulado “The Girl with the Dragon Tatoo”.

O que eu posso concluir disso é que, apesar de todo o sucesso internacional do filme sueco, o espectador americano deve ter um QI médio “prá lá de rasante” e não consegue assimilar imagem e legenda ao mesmo tempo (eles mal sabem soletrar uma palavra no seu próprio idioma), ou seja, o “Tico Teco” do espectador estadunidense não funciona, daí a necessidade do filme na sua língua pátria (ai, que maldade a minha).

Aqui cabe a velha charada: qual o nome que se dá àquele que domina vários idiomas? Poliglota. E dois idiomas? Bilíngue. E o que só domina um idioma? A resposta certa é...americano (ai, de novo, que maldade!!)

O autor da tal trilogia partiu de uma história real, o estupro coletivo de uma jovem que ele presenciou quando tinha 15 anos de idade, e o livro foi uma espécie de redenção (e homenagem à menina) pois ele se arrependia amargamente por não ter tido coragem de ajudar a jovem, que se chamava Lisbeth, nome que manteve na ficção (cercada de mistério, dramaticidade e violência, e não poupou nas denúncias de misoginia, incesto e abuso sexual contra mulheres).

A dura missão de adaptar o então famoso filme sueco ficou a cargo do cineasta David Fincher (também diretor dos premiados “O curioso caso de Benjamin Burton”, “A rede social”, “Clube da luta” e “Seven”), que não fez feio, apenas usou uma visão, digamos, mais requintada (o que a grana não faz por um filme!!!), e apelou para a fama do Daniel “James Bond” Craig no papel principal, apostando também numa abertura bem “hollywoodiana”, repleta de efeitos especiais, com a famosa música “Immigrant song” do Led Zepellin (abaixo).


Eu, particularmente, prefiro o filme original sueco, mais misterioso e mais profundo, com uma aura de mistério num cenário gélido e mais sombrio que a versão americana (quando foi lançada, eu já tinha visto a versão sueca, e a escolha do Daniel Craig não me deixou desvencilhar do personagem do agente 007).

Gostei mais da atuação dos (praticamente) desconhecidos atores suecos (e quando a versão americana foi lançada, o mistério já não existia para mim, não li o livro, mas quem leu, garante fidelidade ao texto), e também porque as sequências Millenium II (“A menina que brincava com fogo”) e Millenium III (“A rainha do castelo de ar”) ainda só existem na versão européia, e tão misterioso e emocionante quanto o primeiro, só dá para acompanhar o suspense, conhecendo-se os atores que interpretaram os papéis no Millenium I sueco.

O mesmo aconteceu com outro recente sucesso sueco, o filme sobre vampiros filmado em 2008, “Deixe ela entrar”, ou seja, também logo depois surgiu a versão americana “Deixe-me entrar”, em 2010.

Enquanto o filme sueco usa a história de jovens vampiros como pano de fundo para mostrar o drama de dois pré-adolescentes desajustados socialmente, com uma visão sombria e bem mais “dark” (por focar muito mais o “bullying” social, que aprisiona e isola os personagens com seus traumas, do que o vampirismo em si), já na versão estadunidense a mesma história soa mais como um filme de gênero, voltado para o terror vampiresco, privilegiando o horror explícito, intercalando com um toque romanesco do jovem casal (é quase um “Crepúsculo” pré-adolescente), e como sempre investindo em muitos efeitos especiais, de maquiagem principalmente.

Já o filme do diretor alemão Win Wenders (dos também excelentes “Paris, Texas” e “Buena Vista Social Club”), intitulado “O céu sobre Berlim” (no Brasil, “Asas do desejo”), da década de 80, ganhou uma continuação (no Brasil, “Tão perto e tão longe”) do mesmo diretor e um remake americano melodramático (intitulado “Cidade dos anjos”), no final da década de 90.

No primeiro original alemão, anjos velam pelas almas perdidas, levando lampejos de esperança, numa Berlim gélida e totalmente devastada pelos efeitos do Holocausto e ainda sob o Muro de Berlim, e um deles quer adquirir a forma humana para viver (e sentir de verdade) a paixão por uma mortal trapezista. O mundo eterno dos anjos é sombrio e em preto e branco (pois a ausência de cores revelaria, segundo o diretor, a essência da alma), e o mundo mortal ganha cores, na visão de Wenders.

“Asas do desejo” é um filme poético, encantador, repleto de dor e angústia tanto dos humanos quanto dos anjos, que vai desenrolando lânguido e profundo, num ritmo lento, cadenciado e embalado pela poesia do alemão Rainer Maria Rilke, o grande “poeta dos anjos”. 

A continuação alemã (em inglês, “Far away, so close”) conta com a participação do músico Lou Reed (que acaba de falecer) no papel dele mesmo (que assina grande parte da trilha sonora do filme), e mantém o ator americano Peter Falk (da famosa série policial “Columbo”, dos anos 70) também como ele mesmo (como no primeiro filme), e tem como novidade a atriz Natasha Kinski no papel principal feminino. A música do U2 "Stay: far away, so close" foi a que mais ficou conhecida no filme.


Já na versão melodramática americana, que investe mais no romance “água com açúcar” e na trilha sonora, é o “anjo” Nicholas Cage que quer perder sua condição de imortalidade para sentir as dores e as alegrias humanas, ao lado da “cirurgiã” Meg Ryan, ao som de “Iris” de Go go Dolls, de “If God will send his angels” do U2, de “Uninvited” de Alanis Morissete, entre outras belas músicas (vídeos abaixo e no final do texto).


Recentemente teve uma onda hollywoodiana de remakes de filmes do gênero terror – originalmente de nacionalidade japonesa, tanto “O grito” (da série japonesa “Ju-On”), como também “O chamado” (original “Ringu”) e também o filme “Água negra” foram adaptados para o cinema americano (o último sob a direção do nosso Walter Salles com a Jennifer Connely como protagonista), enquanto “Quarentena" de 2009 é um remake de um filme de terror espanhol intitulado “REC”, de 2007 (que ganhou duas continuações e virou videogame, e foi sucesso de público e de crítica, o que não aconteceu com a versão americana).

O espanhol “Abre los ojos”, do diretor Alejandro Amenábar, de 1997 (no Brasil, “Preso na escuridão”) foi adaptado para o idioma inglês como “Vanilla Sky” (em 2001) e dirigido por Cameron Crowe (de “Quase famosos”, “Elizabethtown” e “Jerry Maguire”) que manteve Penélope Cruz do elenco original, mas incluiu Tom Cruise e Cameron Diaz, no papel dos outros dois principais protagonistas.

A história é a mesma, mas no filme espanhol a interpretação final que se tem soa mais como uma loucura do personagem principal; já no filme estadunidense foca mais como se fosse uma conspiração, em torno de uma ficção científica. Mas, na verdade, nos dois, cabem várias interpretações, e essa é a grande jogada dessa história, dá prá ficar horas discutindo sobre ela (sobre realidade e fantasia, vida e morte, sonho e pesadelo, lucidez e loucura).

E a lista de remakes europeus  não pára: o francês “A gaiola das loucas”, o russo “Solaris”, o francês “Nikita” de Luc Besson (intitulado “The assassin” na versão americana, com Bridget Fonda e Gabriel Byrne) entre os mais populares.

O que se conclui no final é que, apesar de não ser uma regra, o cinema estadunidense, em geral, é despretensioso, e os diretores atendem aos apelos dos estúdios (em matéria de “blockbusters hollywoodianos”) e do espectador americano (trilha sonora e muitos efeitos especiais, mas pouca reflexão) enquanto o europeu investe em cenas repletas de nuances e sutilezas que acabam surtindo mais efeito do que as cenas explícitas do cinema americano. 






















quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O dia do homofóbico enrustido

Só faltava essa!!! Quanto mais eu vivo, mais embasbacada eu fico com o homo-sapiens, que aparentemente deveria ser capaz de exercer o direito do livre arbítrio. 

Dois anos atrás, os nossos “honoráveis” políticos tentaram aprovar o ridículo “Dia do Orgulho Hétero”. Agora é a cura gay”. E mais, indiretamente querem proibir o homossexual de frequentar igrejas e templos sagrados. 

Como “adorável anarquista fico envergonhada diante de tanto retrocesso. Como heterossexual, me sinto constrangida por pertencer a essa maioria retrógrada, mas como mulher e feminista, me sinto parte dessa minoria perseguida e massacrada. É muita falta do que fazer desses políticos, com tantas leis importantes para serem aprovadas e ficam perdendo tempo com tanta babaquice!!! Parece mais que querem aprovar “O Dia do homofóbico enrustido”. 

Num Estado laico como é o Brasil (pelo menos, assim o é no papel), qualquer projeto de lei que envolva (pre)conceitos religiosos (e a homossexualidade, infelizmente, é um deles) deveria ser abortado. 

Já está documentado que, ao optar pela homossexualidade, um indivíduo perde pelo menos trinta direitos civis, o que não é justo, pois o Estado deveria garantir direitos iguais para todo e qualquer cidadão, qualquer que seja a sua escolha sexual. Sendo um indivíduo cumpridor de seus deveres civis, o homossexual deveria também ter todos os direitos civis garantidos pelo Estado. 

Ora, os gays não estão nem aí para os héteros e suas leis ridículas”. E, para provar isso, os LGBTTTs inauguraram uma igreja gay na capital paulista, extensão de uma entidade religiosa daqui do Rio de Janeiro. 

O “Dia do Orgulho Gay” só foi criado em protesto contra agressões gratuitas a homossexuais e afins, pois eles apenas querem ter o direito de andar na rua sem receio de ofensas e sem medo de serem espancados ou assassinados, apenas porque fizeram opções sexuais diferentes de uma maioria.

Esses projetos de lei apenas expõem o grau de retrocesso democrático da sociedade brasileira. Enquanto outros países evoluem, criando o dia internacional contra homofobia” (comemorado no dia 17 de maio), a sociedade brasileira se mostra cada vez mais retrógrada e, pior, enrustida, pois fingimos que temos a mente aberta”, e que não existe preconceito no Brasil contra negros, mulheres e homossexuais.

Até a Suprema Corte Americana, no retrógrado e machista estado do Texas, no início do ano 2000, se dobrou diante do caso Lawrence contra o Texas, admitindo que o Estado não pode invadir a intimidade e a privacidade de um cidadão  a partir de uma denúncia anônima, a polícia texana invadiu a casa do tal Lawrence, que foi preso em “flagrante” em sua própria casa junto com o seu parceiro de cama, sob alegação de atentado contra a moral e os bons costumes do Texas (no final do texto, vídeo sobre o caso e o julgamento)E um dos argumentos levantados pela defesa americana foi a comprovação científica de que a homossexualidade é quase universal em todo o reino animal. 

A revista “Superinteressante já publicou, mais de uma vez, sobre esses estudos em animais irracionais, e o que é peculiar é que foi demonstrado que também há homofobia no reino animal, que os veados-de-rabo-branco (logo quem!!!) héteros costumam atacar os que são homossexuais. Hilário, não? Pois, se transportarmos isso para o nosso mundinho, será que é esse o medo dos homo-sapiens homofóbicos, ou seja, são também viados-doidos-prá-dar-o-rabo? (só resta zoar da cara desses enrustidos).

Quem não se enquadra no contexto da maioria dominadora, tem que ser curadoAgora só falta inventarem alvejante para curar a negritude dos afrodescendentes!!! (detalhe, não esquecendo de usar esse ridículo termo politicamente correto, no caso da raça negra. Haja hipocrisia!!!).  

No passado, tentavam “curar” os canhotos, obrigando-os a tornarem-se destros, amarrando a mão dos pobres coitados atrás das costas; nós mulheres já fomos consideradas bruxas e queimadas vivas em praça pública na Inquisição (era a única cura” para quem não se enquadrava no contexto social da época)

Até os gagos também tiveram sua vez de “cura” na marra, era paulada na cabeça, susto, tudo para que fossem iguais a uma maioria, como conta o martírio que passou na adolescência um político gago (abaixo) na hilária entrevista no programa do Jô Soares.

A criação de um dia especial, para celebrar algo, tem a ver com a necessidade de se fazer lembrar datas marcantes e históricas que mudaram um cenário sócio, político ou econômico de uma sociedade, eis assim a justificativa da comemoração do dia do descobrimento e independência de um país, da abolição da escravatura e outros.

A instituição de um dia no calendário oficial de um país serve também como um alerta para quem é marginalizado socialmente, e significa criar visibilidade social contra injustiças e abusos contra minorias; esses dias marcam lutas pela igualdade social, numa sociedade machista, homofóbica e racista. 

Assim criou-se o “Dia da Mulher”, o “Dia da Consciência negra”, o “Dia do Orgulho gay”, o dia da “Marcha das vadias” (no final do texto,*link para detalhes sobre esse dia) porque mulheres, negros e gays são estigmatizados e trancafiados em guetos, cercados pela intolerância do homem-branco-hétero-machista (que nunca teve que lutar pelos seus direitos, nunca sofreu preconceitos e nem precisa se reafirmar diante da sociedade).

O “Dia do homem” (comemorado no Brasil no dia 15 de julho) foi criado visando incentivar campanhas de saúde masculinas tais como prevenção do câncer de próstata, assim como o “Outubro rosa” foi criado para promover campanhas maciças sobre câncer de mama e visando melhorar a autoestima das mulheres mastectomizadas.

A sociedade hétero-normativa enxerga a diversidade sexual como uma praga e usa conceitos religiosos arcaicos (que só geram preconceitos e intolerâncias) como argumento para justificar a homofobia, e ao que parece a criação do tal dia serviria para promover ainda mais o machismo, sob o ridículo pretexto de estarem fazendo “atos inerentes à heterossexualidade”, mas na verdade soa como reafirmação do orgulho de serem machistas e homofóbicos.

E como “tudo a minha volta me leva ao mundo do cinema”, me veio à lembrança o sensível e emotivo filme “Filadélfia” (com Tom Hanks e Denzel Washington) que põe o dedo na ferida, expondo a homofobia e o preconceito à diversidade sexual nas relações trabalhistas. E a bela música Streets of Philadelphia” de Bruce Springsteen (vídeo abaixo) acompanha o martírio do personagem homossexual e aidético.


E a soberania xenofóbica da chamada raça pura ariana, que levou às atrocidades do Holocausto e visava criar uma sociedade de indivíduos héteros de pele branca e olhos claros, é mostrada no suspense dramático “Os meninos do Brasil (com os veteranos atores Gregory Peck e Laurence Olivier). 

Como sempre a ficção antecede a ciência, no caso, a inseminação artificial e a clonagem, pois esse filme é do final da década de 70, antes da real criação desses dois avanços científicos, e deixa como desfecho final uma luz de esperança no fim do túnel” para a humanidade, fazendo-nos crer que nem tudo está perdido, que o ser humano ainda pode ser capaz de expressar sentimentos de alteridade e tolerância diante das diversidades inerentes à nossa espécie (trailer do filme no final do texto). 

A desculpa fajuta do vereador criador do tal projeto do Dia do orgulho hétero” (a lei não passou em 2011, mas do jeito que a coisa anda retrógrada, vão acabar voltando à carga para aprovação) é que estaria havendo uma “ditadura gay”, alegando que há “excesso de privilégios” para a comunidade homossexual “em detrimento da maioria heterossexual”, e que a comunidade gay é “chegada a bizarrices e excessos”, e a lei viria assim “em defesa do bom senso, dos bons costumes e da família”.

Mas..., e as bizarrices de programas héteros como “Big Brother”, e as mulheres praticamente nuas no carnaval, e a “dancinha da garrafa”, e a pornográfica dança funk (que mais parece cachorros no cio”), e a extravagância e a baixaria das mulheres-frutas (a transexual Roberta Close e o travesti Rogéria têm muito mais classe que elas) não são alguns exemplos de “bizarrices e atentados ao pudor do mundo hétero? 

É preconceituoso rotular todo e qualquer homossexual como extravagante e/ou promíscuo. Seria o mesmo que dizer que toda mulher de biquíni na praia é vagabunda ou periguete. No passado, mostrar o tornozelo já foi coisa de vagabunda”. Ou seja, os conceitos de atentado ao pudor mudam de acordo com a conveniência (e a conivência) da sociedade hétero-normativa, então está mais que na hora de evoluirmos e acabarmos com essas hipocrisias e pre(conceitos).

E não se deve confundir homossexualismo consentido entre adultos com pederastia, que é um crime sexual não consentido com menores do mesmo sexo (assim como é crime a pedofilia, que é praticada por héteros com menores do sexo oposto). Nesses casos, o que está em jogo não é a escolha sexual, mas sim a falha de caráter desses indivíduos (no caso dos pederastas homossexuais e dos pedófilos heterossexuais que se igualam em matéria de mau caratismo) ao coagir crianças indefesas a praticarem sexo não consentido. 

E leva a mal não, mas o macho heterossexual é muito mais chegado a promiscuidade, como um comportamento “normal”, se envolvendo frequentemente com prostituição, inclusive a homossexual, desde que muito bem camuflado (Ronaldo Fenômeno tá aí para comprovar), e o vídeo abaixo mostra essa realidade de uma maneira bem cômica. 


Este diferencial (entre escolha sexual e caráter) é mostrado de uma maneira bem divertida pelo grupo de comediantes de “stand up” do projeto humorístico paulista “Terça insana”, que vai na contramão do preconceito contra os homossexuais, na performance do humorista Marcelo Mansfield, na pele de um dos seus personagens, o mal-humorado “Seu Lili“, no esquete “Eu fico puto”, em que o comediante enfoca, de maneira hilária, que o que importa é o caráter e a competência de um indivíduo, independente de sua orientação sexual, repetindo o bordão “prefiro ter um filho viado” toda vez que ele se depara com um indivíduo sem caráter e/ou incompetente” (abaixo).

E se formos a fundo nesse contexto de sexualidade, descobriremos que a heterossexualidade foi um conceito criado cultural e historicamente, como mostra o historiador americano Jonathan Ned katz, no livro “A invenção da heterossexualidade”, que também analisa a quem interessa manter essa imposição que classifica a heterossexualidade como normal e bom e, ao contrário, a homossexualidade como anormal e ruim. 

Como mulher e feminista fico indignada, pois tais conceitos me fazem lembrar do preconceituoso princípio de Pitágoras, de 500 a.C., que estigmatizou a mulher até os dias de hoje: “Há um princípio bom que criou a ordem, a luz e o homem, e um princípio mau que criou o caos, as trevas e a mulher” (no final do texto, link* para o texto Mulheres são 100% bruxas?”).

E se, por um mero acaso, alguns héteros são perseguidos, eles o são pelas suas opiniões polêmicas, preconceituosas e machistas, e não por sua orientação sexual. E o tal vereador brasileiro, que queria aprovar o tal dia do orgulho hétero, ridiculamente reivindicava o “direito de xingar” um indivíduo na rua, sem ser rotulado de “homofóbico” se, por acaso, o fulano fosse um homossexual.

Só que o “ilustríssimo” vereador parece não perceber a carga de preconceito que vai junto quando se xinga um negro de “preto fedido”, ou diante de uma cantada vulgar na rua direcionada para nós mulheres, pois temos que seguir caladas e de cabeça baixa (porque ai de nós, mulheres, se nos queixarmos publicamente na hora, pois seremos xingadas de “histéricas e mal-amadas”, ou seremos crucificadas como piranhas e vagabundas fazendo cú doce). Pois foi assim que o mundinho hétero machista nos ensinou. E alguns héteros reclamam de serem abordados sexualmente por gays (é bom para eles sentirem na pele o que nós, mulheres, sentimos com a abordagem grosseira e de baixo nível de alguns machos héteros).

O peso de um xingamento é muito diferente se resolvermos xingar um hétero branco na rua, pois raramente ele será chamado de “viado, mulherzinha, bicha, piranha ou preto fedido”, no máximo será xingado de “branquelo”, ou seja, um xingamento sem nenhuma carga de humilhação.

E mais ridículo ainda em toda essa história é que essas leis partem da chamada Comissão de direitos humanos” (entre aspas, porque essa tal comissão, pelo visto, só defende os direitos do homem-branco-hétero-machista) e é gritante a conivência dos parlamentares nesses projetos esdrúxulos, mostrando o desrespeito à laicidade do Estado que, como no julgamento de Lawrence contra o Texas, não deveria tomar partido em assuntos que têm como base a referência de argumentos arcaicos religiosos erguidos contra homossexuais, o que só incentiva a violência gratuita contra minorias no Brasil (veja, no final do texto, no programa CQC, estatística sobre violência gratuita contra homossexuais).

Assim, qual a verdadeira justificativa para o ridículo “Dia do orgulho hétero”? Estão com inveja da “Parada gay”? Querem também um dia exclusivo para desfilarem na avenida? Só levando na sacanagem, porque mais ridículo que isso é impossível. 

A passeata gay “perturba” o trânsito uma única vez no ano, enquanto a torcida machista flamenguista, com o time ganhando ou perdendo, enche o saco da gente todo o fim de semana (pelo menos agora, temos “as meninas” alegres da torcida “Fla gay” dando um toque divertido ao time).

Os héteros estão sendo assassinados pela escolha sexual deles? Que eu saiba, não. Os héteros estão sofrendo humilhação nas escolas ou no trabalho pela sua orientação sexual? É óbvio que não.

Então, de que têm medo esses tais héteros? Os héteros são maioria no mundo, então por que tanta paranoia? A heterossexualidade não está ameaçada de extinção. Os defensores do tal dia alegam que os homossexuais exigem direitos demais” e que têm comportamentos esdrúxulos”. 

E ninguém questiona o comportamento dos héteros??? Os héteros têm medo de perderem o direito de escarrar no meio da rua? De perderem o direito de “limpar o salão” na rua, com o dedão indicador quase perfurando a narina, e depois nos cumprimentar com um aperto de mão todo melequento? De não mais poder coçar o saco em plena praça pública e de mijar fora do vaso? 

Quer comportamentos mais bizarros e esdrúxulos que esses??? O machismo de séculos nos fez acreditar que esses são comportamentos normais do homo-sapiens do gênero masculino. E, leva a mal não, mas para manter esses direitos, não é preciso ser hétero, basta ser porco. 

E, para fechar esse texto com chave de ouro, deixo o vídeo com os ótimos atores comediantes Pedro Cardoso e Luís Fernando Guimarães com o esquete do “milagre da (quase) cura gay” e o emotivo vídeo irlandês contra o bullying homofóbico. E os “Mamonas assassinas” (abaixo) bem que tentaram acabar com o preconceito com o famoso “Robocop gay” (“abra sua mente, gay também é gente”).

*link para detalhes sobre o dia da Marcha das vadias
http://rosemerynunescardoso.blogspot.com.br/2012/10/virgindade-machismo-e-marcha-das-vadias.html
*link para para o texto “Mulheres são 100% bruxas?
http://rosemerynunescardoso.blogspot.com.br/2009/11/mulheres-sao-100-bruxas.html








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