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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Coisas para assistir antes de morrer - Os irmãos Marx

Se existe alguma coisa que “não podemos deixar de fazer (ou de assistir) antes de morrer”, uma delas é sermos “apresentados” aos irmãos Marx, os hilários “Marx Brothers”, famosos comediantes dos anos 30, que até hoje são imitados pelos grandes humoristas da atualidade. Não conhecê-los é, para mim, uma “perda irreparável”.

É difícil não se render ao talento desses comediantes (meus filhos adolescentes adoram), e há pouco tempo “apresentei-os” a um sobrinho pré-adolescente que inicialmente relutou em ver (o comentário nada animador dele foi: “em preto e branco, e ainda dos anos 30, sem efeitos especiais, titia?”), mas acabou se rendendo, e gostou tanto a ponto de me pentelhar querendo mais e mais cenas dos famosos irmãos.

Nova-iorquinos, filhos de imigrantes judeus, inicialmente eram cinco músicos que se apresentavam nas noites do Brooklin tocando (piano, violão e harpa) e cantando junto com a mãe, mas apenas três deles (Harpo, Chico e Groucho) ficaram conhecidos  como comediantes.

Tudo começou quando, durante os seus números musicais, ”rolava” um pouco do potencial cômico da “trupe”, e o público aprovou, então  resolveram incluir nas apresentações musicais alguma comédia incidental (seriam os precursores da comédia “stand up” de hoje), fizeram sucesso, foram para o teatro e chegaram finalmente ao cinema.

Nos filmes, em geral sob a forma de musicais ingênuos (onde exibiam também seus talentos vocais e instrumentais) faziam tipos bem marcados: Groucho com seu bigode e sobrancelhas vastos (“reforçados” na verdade por pintura extra) e o seu famoso “andar de pato”, em geral fazia papel de um impostor volúvel e galanteador incorrigível, sempre “agarrado” ao seu charuto; já o Chico sempre como o malandro simpático e seu falso sotaque italiano; e o Harpo, o “mudinho” (na verdade não era mudo), sempre gaiato e um tanto quanto tarado.

Ficaram famosos nos anos 30 e permaneceram na mídia por mais de 30 anos, devido a  brilhante inventividade desses irmãos, que eram fervorosos críticos humorísticos aos costumes e ao modo de vida dos americanos. Com um aguçado e bizarro senso de humor “azucrinavam”, literalmente tocando o terror satirizavam a alta sociedade e a hipocrisia americana, mas tudo muito bem “camuflado” dentro de uma comédia musical que passava levemente pelo pastelão.

A famosa “gag” dos espelhos é impagável  Harpo e Chico se vestem como Groucho e o “imitam” num falso espelho – a cena hilária e divertida faz parte do filme “Duck Soup” (no Brasil “Diabo a quatro”).





Esta cena do falso espelho já foi imitada por vários comediantes (inclusive a cena já foi montada  em pleno metrô de Nova York com gêmeos idênticos - assista “Human mirror no final do texto) e até em desenhos animados (em Family guy com o menino do desenho e ninguém menos que... Hitler... kkk).




Com suas gags e situações cômicas se tornaram ídolos de grandes celebridades de outrora e da atualidade, tendo até hoje “seguidores fiéis”, tais como Robin Willians, Billie Cristal, Woody Allen, Jerry Seinfeld (o humorista já recriou a cena do “cômodo apinhado de gente” em um dos episódios de sua série “Seinfeld”, no canal Sony Entertainment Television – ele adaptou a cena original da cabine de um trem (abaixo), para um cubículo de zelador de um prédio (no final do texto). 





E até o Jô Soares já imitou a famosa “dança” das mãos ao piano, cena em que Chico e Harpo “arrasam” ao piano, brincando com as quatro mãos, inclusive tocando mamãe eu quero”, da nossa famosa Carmem Miranda (que inclusive participou de alguns filmes deles).


Groucho era o mentor intelectual do grupo, se caracterizou pela irreverência e humor perspicaz. É dele a famosa frase (repetida por Woody Allen em “Annie Hall”, que já comentei): “eu não frequento clubes que me aceitem como sócio”. Quando por exemplo uma fã o cumprimentou com o usual ”prazer em conhecê-lo” ele respondeu: “me conheço há anos e nunca tive nenhum prazer nisso”. 

Suas tiradas inesperadas recheiam os seus filmes, como numa das cenas em que Groucho pede ao garçom uma laranjada. O garçom diz que não tem. Groucho então pergunta se têm pato com laranja. O garçom responde que sim. Groucho fulmina: "Então esprema o pato e me traga a laranjada". 

No seu programa de TV perguntou a uma mulher o porquê de tantos filhos, ao que ela responde “adoro crianças e amo meu marido”, e ele imediatamente dispara: “eu também amo meu charuto, mas de vez em quando, eu o tiro da boca”. 

O que Groucho realmente tinha de único, era o talento para unir um gênero caótico de comédia à habilidade para demolir tudo o que cheirasse a autoridade – fosse ela qual fosse. 

E, se hoje cansamos de ouvir “...se hay govierno, hay poder, hay ...  soy contra” devemos ao talento deste comediante pois é dele a máxima “I don’t  know what they have to say, it makes no difference, anyway, wathever it is, I’m against it”. Groucho, o irreverente “anarquista” (não é a toa que eu, como adorável anarquista, adoro este falecido comediante). 

E, detalhe, sempre atual, recentemente em dezembro de 2009, o partido republicano conservador americano adaptou a cena do Groucho, “I’m against”, para se posicionar contra a reforma da saúde de Obama nos EUA. 



Assim, não deixem de conferir, o talento único desses geniais músicos comediantes. Os melhores filmes são “Duck Soup  (Diabo a quatro”) e “A night at the opera”, mas há cenas hilárias em praticamente todos os filmes dos irmãos.



no filme “Todos dizem eu te amo” (trailer no fim do texto)Woody Allen fez uma bela e divertida homenagem aos musicais de outrora (com os atores Alan Alda, Julia Robert, Edward Norton tentando “desesperadamente” imitar, sem conseguirem, e por isso mesmo hilário, de Fred Astaire a Gene Kelly), e aproveita para homenagear os famosos irmãos, vestindo todo o elenco do filme, numa festa, como um deles (o Groucho Marx com o famoso bigode e sobrancelhas).



E Allen intitula a sua película com o nome da famosa música  Everybody says I love you (que ele coloca na abertura e no final do filme) que é de autoria dos irmãos Marx.


Mesmo em preto e branco - e até por isso genial, pela originalidade, sem os efeitos especiais dos dias de hoje, apenas pura criatividade - eles continuam divertidíssimos e ingenuamente (mas nem tanto) irreverentes.  E mais uma vez repito, eles eram impagáveis 









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