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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Cinema: uma lição de casa (e de vida)

O cinema sempre foi meu fiel companheiro (junto com o mar) desde a minha infância, por isso me identifico tanto com o filme “Cinema Paradiso” e o menino Totó. A sétima arte continuou me seguindo pela adolescência (na minha cidade do interior, eu também tinha o “meu” Cinema Paradiso, que ironicamente também foi demolido) e já adulta, continuou a ser meu universo, até durante a lição de casa dos meus meninos, pois nada melhor que uma boa história (de cinema) para contar a (nem sempre) bela História da humanidade.

O cinema é uma escola à parte, quando se trata de contar a História de séculos e séculos de nossa existência. Grandes filmes são ótimos para uma grande lição de História e de Geografia, e também "aulas particulares" de ciências políticas e socioeconômicas, e claro, principalmente, uma grande “lição” de vida.

“Unir o útil ao agradável” - estudar assim é “prá lá de bom”, meus filhotes nunca reclamaram. Assim, aqui vão algumas dicas para o “currículo escolar” - na verdade, vou dar uma pequena “pincelada”, impossível falar de todos (no fim do texto, trailers de alguns deles).

Mas antes de levar "a aula" da história da humanidade a sério, sempre tem o famoso "recreio, assim assista antes a "divertida aula" do professor de mitologia Aquiles Arquelau, antigo personagem do humorista Agildo Ribeiro e sua eterna paixão pela atriz Bruna Lombardi no extinto programa televisivo "O planeta dos homens" (vídeo abaixo que pode também ser assistido no youtube).

OBS: Prá quem quiser "adotar" o cinema como um currículo escolar "extra", aconselho assistir antes os filmes, para selecionar se as cenas dos mesmos são adequadas para a idade dos pimpolhos.

Gandhi”  - a história do anarquista pacifista, vivida pelo brilhante Ben kingsley (do também excelente “Casa de areia e névoa”) e sua “desobediência civil” (a marcha do sal), numa época em que a dominação imperialista britânica ainda reinava sobre a sociedade e cultura indiana. Uma “aula” imperdível sobre o povo hindu, seus costumes e seus conflitos.

Sunshine, o despertar de um século” (leia sobre esse excelente filme, aqui no blog, na lista de filmes) conta a saga de uma família judia húngara e nos coloca no “centro nervoso” da Europa durante os conflitos da 1ª e 2ª guerra e suas inúmeras revoluções civis por todo o século 20.

O último imperador” dirigido pelo grande cineasta italiano Bernardo Bertolucci (de “O último tango em Paris”, “La Luna”, “O céu que nos protege”, e o recente “Os sonhadores”) conta a verdadeira história do último imperador da China que, coroado ainda menino, “reinou enclausurado” enquanto lá fora, além dos muros do palácio, já “imperava” a república chinesa comunista. Uma "aula" da história da China, da 1ª década do século 20 até a 2ª guerra mundial. Lindíssima a fotografia do filme. Bertolucci é Bertolucci.

Todos os homens do presidente” (já falei sobre esse filme, aqui no blog, em “Heróis e vilões”) – o caso  “Watergate” envolvendo o presidente  Nixon, com Robert Redford e Dustin Hoffmann no papel dos jornalistas que denunciaram o escândalo sobre as escutas clandestinas no partido opositor.

Adeus, Lênin”  – já comentei aqui sobre esse maravilhoso e sensível filme, veja na lista de filmes, no blog)– a História da Alemanha Oriental e a queda do muro de Berlim como pano de fundo de uma relação de amor entre um filho e sua mãe.

"O nome da rosa" um ótimo suspense policial, ambientado em um mosteiro retrata uma Itália em plena Idade média, com seus costumes, seus conceitos, sua moral. Sean Conery é um monge intrigado com um mistério a ser desvendado (várias mortes ocorrrem nos que ousam "profanar" e ler os livros sagrados). Uma lição "de casa" sobre o poder da Igreja Católica através dos séculos e a instauração da Inquisição numa Itália medieval e renascentista.

Os países de cultura árabe, o tema do momento, estão em diversos filmes da atualidade tais como: “A caminho de kandahar” documentário sobre o Afeganistão e os talibãs, com todos os conflitos religiosos, políticos e culturais desse povo, “Paradise now” sobre o destino marcado dos homens-bomba; e o genial “Terra de ninguém”("no man's land") - filme sobre a (im)provável  solidariedade entre sérvios e bósnios quando os objetivos militares se perdem e entra em jogo a própria sobrevivência (muito mais que uma  lição de História, antes uma lição de vida esse filme).

Os incontáveis filmes sobre a guerra do Vietnã: em versão “light” como “Good morning, Vietnã” (Robin Willians como um irreverente e divertido radialista animando os pracinhas) e “Forrest Gump, o contador de histórias” (Tom Hanks, ótimo num papel de um “oligofrênico” com suas estórias surreais e divertidas); e em versões “hard, heavy” como “Platoon”, “Apocalipse now” e o também premiadíssimo “O franco atirador -The deer hunter" (Robert De Niro num papel instigante e enigmático em meio a dor e desespero dos amigos na volta da guerra).

O holocausto com seus diversos  e dolorosos “protagonistas” como em “A lista de Schindler” e “O pianista”. A 1ª guerra mundial com “Dr Jivago”. A 2ª guerra mundial com o  maravilhoso “Além da linha vermelha”, também “O resgate do soldado Ryan” e “A Queda - os últimos dias de Hitler”.

Sobre racismo e a Ku-Klux-Klan o ótimo “Mississipi em chamas” (veja aqui no blog, na lista de filmes, "O gênero policial no cinema") e sobre anti-semitismo o também ótimo “Código de Honra - School ties". 




















quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Heróis e vilões: o poder do mito

Herbert Viana na sua música "Ska" diz, numa das estrofes que "a vida não é filme", mas na minha opinião, acho que na verdade "a vida imita a arte, muito mais do que a arte imita a vida" (dizia o escritor irlandês Oscar Wilde). A sétima arte, por exemplo, já nos fez amar "de paixão" o mocinho, e às vezes, inverte esse papel, e numa atração quase mórbida, nos faz torcer pelo bandido ("amamos odiar" o vilão).

O antropólogo norte americano Joseph Campbell em seu livro "O poder do mito" mostra que o herói é aquele que reúne (ou absorve) a maior parte dos principais traços do comportamento humano. Servir, proteger, enfrentar sua natureza interior e transformar a vida representam o desejo de poder da pessoa comum (desejo esse em geral reprimido), rompendo com os limites impostos, combatendo a injustiça e defendendo "os fracos e oprimidos". Os heróis fazem o que gostaríamos de fazer - desafiar o mundo e as convenções. 


O problema é que, segundo o antropólogo, os heróis e os vilões têm normalmente a mesma origem; em um dado momento sugere direções opostas por incompatibilidades, crenças diferentes ou objetivos excludentes. O fato é que ambos estão em rota de colisão. O objetivo de um é acabar com o outro, o que os diferencia são as razões que os levam a isso. O herói defende aspectos superiores da natureza humana, enquanto o vilão defende os aspectos inferiores de sua natureza cada vez menos humana.

Assim, por conta de um fascínio que temos tanto pelo herói como pelo vilão, frequentemente "flertamos' ora com um, ora com o outro, e o cinema com sua linguagem universal envolvente pode nos colocar a favor ou contra um mito, seja ele do bem ou do mal. Há sempre uma linha tênue entre o bem e o mal.


"A vida imita a arte" - o cinema, por exemplo, já nos fez sonhar com o amor romântico e
inatingível de "Romeu e Julieta", e com a paixão proibida de Ingrid Bergman por Humphrey Bogart  em "Casablanca", já nos fez torcer pelo "mocinho pobre boxeador" Silvester Stallone em "Rock, um lutador", e o velho e bom cowboy John Wayne foi consagrado como o verdadeiro herói de todos os tempos. 

Como todo mundo já conhece o "herói" do filme "Tropa de elite", o capitão Nascimento, veja abaixo uma divertida sátira ao BOPE com o grupo (de comedy stand up) "Os melhores do mundo", fazendo piada do equívoco cometido pelo batalhão, ilustrando bem o papel do herói/anti-herói.
Glorificação de badboys, gângsters e bandidos fictícios também pode ser vista no cinema - torcemos por galãs como Paul Newman e Robert Redford, no papel dos bandidos "gente boa", no clássico "Butch Cassidy e Sundance Kid", já ficamos do lado (negro) da família italiana mafiosa em Nova York, na saga dos Corleone, na trilogia "O poderoso chefão", e as atrizes Geena Davis e Susan Sarandon, em "Thelma e Louise", foram "beatificadas" como heroínas transgressoras. E em "Bastardos inglórios", o nosso anti-herói "judeu" Brad Pitt é tão cruel quanto os nazistas, mas torcemos por ele "sem dó nem piedade" (veja texto sobre esse filme, aqui no blog, em maio de 2010).
 
Mas a arte também imita a vida - Robert Redford e Dustin Hoffmann viveram heróis da vida real em "Todos os homens do presidente"

sábado, 18 de dezembro de 2010

Filmes em 3D: ame-o ou deixe-o??!!

A revista Veja publicou, neste mês que se finda, uma reportagem do jornalista americano Roger Ebert (conceituado crítico de cinema, inclusive já agraciado com o Pulitzer Prize, e que hoje luta contra um câncer que deformou seu rosto e lhe roubou a fala). Na reportagem, intitulada "Por que eu odeio o 3D (e você também deveria odiar)", o crítico discursa sobre a nova tecnologia que, em sua opinião, "nada acrescenta à experiência de ver um bom filme no cinema".

Já na minha opinião, "nada contra nem a favor, muito pelo contrário", ou seja, sempre digo que, prá mim, o que importa é o conteúdo do filme, o quanto eu me envolvo e me emociono com o mesmo, assim tanto faz o tamanho da tela, a cor ou o som (desde que seja sempre na língua original), ou seja, se o filme é ruim, de nada adianta telão IMAX, som dolby estereo surround ou digital, 5 ou 6 canais, "technicolor" ou "kodakcromer" e agora o 3D - e ao contrário, um bom filme, eu curto até na "famosa" telinha de TV preto e branco dos "motoristas de táxi" (mas, claro que, se eu puder ter toda a tecnologia ao meu alcance para ver um bom filme, nada tenho contra).

Saudades dos antigos cinemas "pulgueiros" da minha adolescência, com suas projeções ocasionalmete fora de foco, que eram motivos de divertidos burburinhos no escurinho do cinema (ver e rever "Cinema Paradiso" é, para mim, simplesmente voltar no tempo). Recém formada em medicina, mas já cinéfila de carteirinha, vim morar em Niterói, e me dividia entre os livros de medicina e as sessões do cine-arte UFF, e "bebi muito dessa fonte", ouvindo os estudantes de teatro e cinema se esbaldando em conhecimentos cinéfilos nas mesas do Café do cinema da UFF.

Meu primeiro "debut" no cinema da UFF foi inesquecível - assisti ao filme "O baile" do cultuado diretor italiano Ettore Scola, que me marcou para sempre como cinéfila, e daí não parei mais, queria saber mais e mais sobre cinema, principalmente cinema europeu.

Em "O baile", Ettore Scola teve a "audácia" de realizar, em plena década de 80, um excelente filme, totalmente mudo, num cenário único (um grande salão de baile) em que o protagonista é principalmente a música, mas não é um musical, os atores não cantam, só gesticulam e dançam. Com o desenrolar do filme, o diretor (junto com o  movimento corporal dos excelentes atores) consegue a proeza de nos confundir, pois tem-se nitidamente a impressão de "ouvir" os atores em cena (mas na verdade eles permanecem mudos o tempo todo do filme).

"O baile" ("Le bal") começa na década de 30 e vamos nos situar com a ajuda das músicas referentes a cada década, até chegar ao "fim do baile" na década de 80. O "diálogo" corporal dos atores, junto com as músicas, é magnífico, sem uma única palavra vamos nos emocionar com a história da França desde os anos 30, passando pela ocupação nazista durante a 2ª guerra mundial, a posterior libertação pelas forças aliadas, a ascensão da classe trabalhadora e o movimento estudantil.



Ótimas são também as cenas com o revolucionário rock and roll ("Tutty frutti" do Elvis Presley) e com as famosas músicas das big bands (uma homenagem "a era do swing") como as de Glenn Miller ("In the Mood" e também "Moonlight Serenade" - ouça abaixo no fim do texto), e tem também mambo (a caliente música "El baion" orquestrada) e até "Aquarela do Brasil" de Ary Barroso, numa retrospectiva emotiva (e também muito divertida), imperdível por conta da genial "narrativa" do cineasta.

Aproveito a deixa para falar de outro excelente filme do diretor, "Nós que nos amávamos tanto" (são filmes que só se consegue em locadoras "cult" e às vezes passa no "telecine cult") - é um filme que "aproveita" a história de três amigos (que não se viam desde o fim da 2ª guerra mundial) para falar dos 30 anos da história da Itália após a guerra, na visão dos tais amigos que descobrem que eram, os três, apaixonados pela mesma mulher (ver trailer "Ceravamo tanto amati" no final do texto).

Nesse filme, metade em preto e branco (período da guerra) e depois colorido no reencontro dos amigos, o diretor traz a novidade do teatro para a telona, com suas luzes que focam os "pensamentos" dos personagens, enquanto o resto do "palco" fica na penumbra. Ettore Scola com esse filme homenageia principalmente o cinema italiano de Frederico Fellini e Vitorio de Sica, que têm uma participação especial no filme como eles mesmos (e também de Marcelo Mastroiani), com discussões filosóficas sobre os clássicos filmes desses renomados cineastas como "La dolce vida" e "Ladrões de bicicleta", e mostra como a 7ª arte é vital para a sua vida (e para a nossa também). 

E voltando ao tema 3D, o jornalista tem razão em vários aspectos, por exemplo, o recurso só funciona bem em (bons) filmes de ação (não cabe em dramas) - década de 90, vi pela primeira vez, na Disney, o cinema em terceira dimensão. Sentada na última fila de uma das salas de projeção do parque de diversões, me vi acuada contra a parede com o dedo "espada" do rival do Arnold Schwarzenegger, o exterminador do futuro 2 (assista trailer no final do texto), tentando virtualmente furar meus olhos (mas já tinha visto no Brasil sem o recurso, e achei genial do mesmo jeito).

As salas de cinema de hoje em dia estão concentradas nos grandes "shoppings da vida" (com raras exceções, como o majestoso Cine Odeon, com sua bela arquitetura ainda preservada), e são frias demais, nos dois sentidos, ar condicionado de gelar os ossos e um ambiente inóspito com espectadores alheios, impassíveis, diante da telona. A magia do cinema que encantava o menino Totó no filme "Cinema Paradiso" quase não se vê mais - quantos "Totós órfãos" não existem pelo mundo??!! (eu sou um deles).

Mas não sou contra a evolução, é apenas um saudosismo saudável, é como olhar, orgulhoso, o filho crescido, mas também relembrar, com carinho, o bebê que já tivemos nos braços. Quem ama o cinema vai ter sempre reservado um lugar especial para o cinema mudo em preto e branco dos anos 30, e deixar também o coração aberto para novas paixões como o 3D.

















sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Commedia all' italiana e cia ltda


Mario Monicelli acaba de falecer aos 95 anos de idade. Nenhuma surpresa, haja vista a idade avançada do cineasta italiano, mas fiquei pasma ao saber que ele se suicidou, se jogando da janela do hospital, onde se encontrava em tratamento de câncer avançado. E me vi, me perguntando: as dores físicas da doença o levaram a essa atitude (o que é incomum, ainda mais com os recursos analgésicos de hoje em dia) ou foram as dores da alma que o impulsionaram a tal desfecho???

Monicelli, nos seus filmes, flertava entre o trágico e o cômico, e esperar passivamente por uma morte natural talvez não fosse o perfil do cultuado cineasta, diretor e produtor de mais de 60 filmes do cinema italiano - entre eles o clássico "O incrível exército de Brancaleone" dos anos 60 e, um dos últimos, o ótimo "Parente é serpente" na década de 90.

O cineasta era um incorrigível sonhador e um incansável socialista, seus filmes eram uma mistura de humor inocente e melancólico (mas também ácido) embutido de intensa crítica social, sempre preocupado com lutas de classe e injustiça social, vivenciada pela sociedade italiana, desde o fascismo da 2ª guerra mundial.

Ainda menina, na década de 70, na minha cidade do interior, novata no universo da telona (sem perceber, eu já tinha pretensões a cinéfila), eu já me deliciava, com as constantes reprises dos filmes em preto e branco dos anos 40/50, com o comediante italiano Totó, dirigido pelo experiente e ainda jovem cineasta.

O clássico "Os eternos desconhecidos"("I soliti ignoti") do premiado diretor, com Marcelo Mastroianni, Claudia Cardinalli e também Totó, da década de 50, é um dos favoritos do Woody Allen, e foi praticamente "copiado" pelo cineasta nova-iorquino em seu filme "Os trapaceiros". 

Também o cineasta italiano Giuseppe Tornatori rendeu-lhe homenagem, em seu filme "Cinema Paradiso", na cena em que a película pega fogo na praça da fictícia cidadezinha italiana, com a imagem do humorista Totó num dos seus inúmeros filmes, sob a batuta do cineasta agora morto.

Aproveito a deixa, cinéfila que sou, para falar de outros grandes mestres do humor, que até hoje são "copiados" pelos comediantes da atualidade. Quando ainda pré-adolescente, "cinéfila estreante" no mundo do cinema, eu confundia fisicamente Totó com outro comediante o francês Jacques Tati e o seu personagem, o Sr Hulot de "As férias do Sr Hulot"(compreensível, eu era menina, e os filmes, quando não eram mudos, eram dublados).

Na minha memória de menina, ficou o filme "Meu tio" ("Mon oncle") com o impressionante humor visual e estético desse excelente humorista francês - o filme é dos anos 60, uma crítica contundente ao modernismo (qualquer semelhança com os "Tempos modernos" de Chaplin não é mera coincidência) e aos consumismos do capitalismo europeu em ascensão.

"Mon oncle" continua muito atual, ao mostrar o simplório Hulot (convidado para cuidar do sobrinho) tentando se adaptar a uma moderníssima residência futurista, cheia de objetos mirabolantes (muitos deles inúteis) e utensílios automatizados (o que gera uma série de gags divertidas, protagonizadas pelo comediante) que "enchia os olhos" da moderna sociedade capitalista, prevendo a escalada crescente do consumismo e antevendo o nosso presente com "os IPods e Ipads da vida".

Não muito conhecido pelo público brasileiro, o "rival" do Charles Chaplin, o comediante americano Buster Keaton, também é um dos precursores da comédia da atualidade - o humorista se destacou no cinema mudo, pelo seu personagem que tinha sempre uma expressão impassível, diferenciando-se do Carlitos (Chaplin imprimiu um tipo carismático para o vagabundo, que comovia a platéia) diante das cenas mais inusitadas (cheia de gags, tombos, fugas e corridas), era sempre a mesma feição inexpressiva, que o levou a ser apelidado pelos críticos da época de "o grande cara de pedra".

Me surpreendi com o comediante Eduardo Sterblitch (o "Fred Mercury prateado" do "Pânico na TV") numa entrevista no Jô Soares, que aparentemente passa a imagem de "apenas mais um qualquer" com o tal papel na TV, mas ao contrário, ele é um perito em Buster Keaton e tem "conhecimento de causa" do chamado teatro do absurdo (discorreu sobre Beckett e Ionesco com naturalidade) e o comediante é muito mais engraçado na pele do próprio Eduardo (veja abaixo no Jô Soares e também vídeo do humorista imitando também o Michael Jackson, no programa da "Gabri Herpes").

P.S. Aqui não citei "Os irmãos Marx" pois já dediquei um texto, aqui no blog, só para esses sensacionais comediantes dos anos 30 (link abaixo).
http://rosemerynunescardoso.blogspot.com.br/2010/02/coisas-pra-fazer-antes-de-morrer.html






quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Kinsey - o cientista que só pensava naquilo

Por ser contestadora, "anarquista" e, segundo um grande amigo, "a mais feminina das feministas",  vivo sendo assediada (sexualmente) por machinhos predadores (vulgo "pegadores"), mas também por machinhos enrustidos (aqui, óbvio, o assédio é moral e não sexual).

Os machinhos pegadores, heteros (???), me abordam "como quem não quer nada", dizendo "ainda vou conseguir pegar você de jeito", com um sutil jeito "brincalhão" para me desarmar e não "levar a mal" a cantada troglodita, fraca e sem graça - será que esses otários não percebem que eu jamais vou me envolver com machos que nos tratam como mercadoria de supermercado - "peguei? comi?" - vai pegar a mãe, ô mané.


Já o macho enrustido, aquele que finge ser muito macho, e que a-do-ra futebol de paixão, parece brincadeira, mas esses literalmente "me perseguem".

Pausa para reflexão - será que é por que o meu viadômetro não falha nunca, tem selo de garantia e eu consigo detectar esses seres estranhos com mais facilidade que as outras mulheres a minha volta?? E sentindo-se ameaçados por mim, com medo que eu revele que eles estão "mais para Jane (ou Chita) que para Tarzan", por isso eles resolvem me hostilizar e me assediar moralmente????

Antes de continuar, uma pausa para ilustrar - abaixo, para quem ainda não conhece, apresento-lhes o enrustido Saraiva, do ótimo grupo comediante "Os melhores do mundo, pois todo enrustido tem, no fundo, um Saraiva no seu íntimo.

Convivo há anos com muitos desses enrustidos e os respeito - até onde me respeitam, é óbvio (pois se "baixam o nível", não respondo mais por mim) - tenho pena deles por viverem num falso mundo, com relacionamentos de fachada e certamente não devem ser felizes no seu íntimo, mas não tenho nada com isso, cada um é dono de sua própria vida e do seu próprio nariz. 

O problema é que, com o tempo, sem perceberem, eles começam a se "trair" com algumas desmunhecadinhas básicas sutis, e se vêem assim ameaçados em seu segredo, então passam
paradoxalmente a se mostrar falsamente homofóbicos, e começam  a hostilizar gratuitamente também a nós mulheres, principalmente colegas de trabalho, e quando estão para ser descobertos, eles rapidamente arranjam um relacionamento hetero, da noite para o dia (em geral se casam com todas as pompas, de preferência com um rebento a caminho), numa tentativa infrutífera de esconder sua verdadeira tendência homossexual,

e claro que esse relacionamento, mesmo antes de começar, já está com os dias contados, dá até prá fazer um "bolão", apostando quanto tempo irá durar - o pior é que o fim desses relacionamentos é sempre trágico (eles em geral arranjam situações "insustentáveis" para por fim ao relacionamento), pois envolvem mulheres desenganadas e desiludidas, e pior ainda, filhos gerados da necessidade de autopreservar, para a sociedade, a imagem de macho garanhão que o enrustido bem sabe que não é.

Tenho pena desses seres estranhos, tanto dos machos pegadores como dos enrustidos, pois vivem em eterno conflito, não se apegam a ninguém, e querem provar o que não são, vivem atrás de uma próxima caça (no caso dos pegadores) ou vítima (no caso dos enrustidos), e nunca terão a sensação e a emoção de viverem um relacionamento sincero, sem preconceitos, em toda a sua plenitude, pois essa é a verdadeira graça da vida.

Aproveitando a deixa, recomendo o filme "Kinsey - vamos falar de sexo" (trailer no final do texto) baseado na verdadeira história de Alfred kinsey (com Liam Neeson no papel do protagonista, além de Laura Linney e Chris O'Donell), reconhecido por muitos como o "Pai da Sexologia moderna" pelo seu polêmico estudo sobre sexo, nos idos dos anos 40

sábado, 20 de novembro de 2010

Os covardes textos apócrifos da internet

"Vira e mexe" recebo mensagens por e-mail montadas em power point (por sinal muito mal editadas, e muitas vezes com musiquinhas orquestradas sofríveis ao fundo - veja uma delas no final do texto, se é que você vai conseguir assistir até o fim tamanha chatice e podridão), cujo texto em geral seria baseado ou "de autoria" de um conhecido escritor - dois desses textos dizia ser do Arnaldo Jabor - fiquei chocada com tais textos, tal o machismo explícito, pedante e nojento em um deles (sobre como nós mulheres devemos nos relacionar e aceitar a infidelidade masculina como "um mal necessário"),

e um outro texto era extremamente boçal, elitista, racista e de extrema direita (sobre o brasileiro ser um bobalhão, um vagabundo, um babaca que "elege um presidente que não tem preparo nem para ser gari"). Eu custava a crer que aqueles textos fossem mesmo do Jabor e me perguntava: aonde foi parar a sensibilidade do autor do tocante e audacioso filme "Eu sei que vou te amar" dos anos 80? Sei que as pessoas mudam, e até acho que o Jabor atualmente anda falando muito "a língua global" dos seus patrões, mas...

E enfim, constato que tais textos são na verdade um embuste (confirmadas pelo próprio Jabor no texto "Existe um sub eu vagando na internet", divulgado em 03/11/2009 no caderno do jornal "O tempo"), são textos apócrifos (muito mal redigidos por sinal) de covardes que se escondem por trás do nome de uma celebridade, como é o caso do Jabor (outra também já "clonada" foi a Lya Luft),

com o intuito de divulgar textos machistas, de extrema direita, muitos deles racistas, com explícita apologia a homofobia, e que promovem a manutenção da exclusão social e da disparidade socioeconômica no país, com o claro objetivo de controle da sociedade por uma elite cruel, maniqueísta e autoritária que se acostumou a mandar e desmandar no nosso país desde a era militar.

Jabor em seu desabafo termina seu texto dizendo: "na internet, eu sou machista, gay, idiota, corno e fascista, é bonito isso?" 


Infelizmente conheço muita gente boa e ingênua o bastante para cair facilmente nesse engodo,

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

"Tiros em Columbine" - a política do medo

O excelente documentário “Tiros em Columbine” de Michael Moore (veja cenas abaixo) vai além do que existe por trás da cultura norte-americana, ao rotular os seus cidadãos em “losers” or winners” (fracassados ou vencedores), e como a cultura do medo é capaz de financiar a indústria de armas e incentivar homicídio, muitas vezes por causas banais como brigas no trânsito, desentendimentos no trabalho e na vizinhança, e disputas entre jovens estudantes que acabam em morte, como no caso dos alunos “losers” da escola americana Columbine.


A cultura do medo, divulgada todos os dias nos noticiários televisivos americanos, como pela indústria armamentista e pelo próprio Estado americano, transformam o próximo num potencial inimigo – o americano tem medo da própria sombra, e para quem tem medo, o ataque passa a ser a melhor defesa, explicando o enorme número de homicídios entre motoristas, estudantes, funcionários de empresas, muitos deles cometidos por indivíduos que não conseguem se enquadrar numa sociedade em que não há espaço para “losers”.

O documentário “Tiros em Columbine” é ainda mais instigante por ter o Michael Moore como seu criador, um norte-americano que levanta bandeiras, questionando as corporações e “a selva de pedra” do capitalismo
(veja também os documentários "Eu e Roger" e "Fahrenheit 11 de setembro") e o cineasta é mestre em usar o sarcasmo e ironia e um “certo quê de inocência” premeditada, para chamar a atenção do público para assuntos delicados e de difícil abordagem, seduzindo-nos e convidando-nos a discussão de maneira sutil e bem-humorada.

O documentário faz pensar, além de ser incisivo e ironicamente divertido, principalmente quando tentam pôr a culpa, do massacre da escola Columbine, na música (no caso, o bode expiatório foi o heavy metal Marylin Manson) e ao contar o nascimento da “cultura do medo” nos primórdios da história americana, no melhor estilo do desenho “South Park” (veja no final do texto).

Ao mostrar como a política do medo financia armas e o crime nos EUA, o cineasta compara seu país com o Canadá, e mostra que, ao contrário, tanto o Estado (como a imprensa) canadense se volta para o coletivo, para o bem estar social, e como não instigam o povo a ter medo, os índices de violência canadense são baixíssimos, mesmo com um número de porte de armas bem maior entre os canadenses, em comparação com os estadunidenses.

E infelizmente teimamos em herdar só o que tem de ruim da América - essa política do medo se encaixa perfeitamente em nosso povo aculturado, "apolitizado" e alienado, e foi devidamente importada pela nossa imprensa golpista, principalmente em épocas eleitorais – que medo infundado é esse, em líderes latino-americanos, que só têm “voz” em seus míseros países??? Ao contrário, devíamos ter medo sim, dos “Bushs da vida”, que não respeitam leis internacionais e invadem países sob o falso pretexto de levar democracia, na verdade com interesses econômicos escusos. 

Medo deveríamos ter é dos EUA (e não de Cuba, da Bolívia ou da Venezuela pois seus representantes não têm força fora dos seus territórios) pois somos escravos da cultura de massa globalizada da América - o nosso povo se dobra e se ajoelha aos pés dessa grande potência, e sem percebermos, facilmente entregaríamos nosso país nas mãos inescrupulosas desse império do mal.

"Medo, medo, medo, a sua mão parada, lacrada, selada e molhada de medo" - como dizia Belchior (veja abaixo) - "deixemos de coisas, cuidemos da vida, senão chega a morte ou coisa parecida, e nos arrasta moço, sem ter visto a vida"







domingo, 31 de outubro de 2010

Auto-estima e felicidade

Um amigo me questiona: “Afinal, o que é ser feliz nesse mundo? E continua: O que é felicidade? Quais os “critérios” para medir felicidade??  Estávamos naquele momento, num restaurante, num bate-papo entre poucos amigos (amigos reunidos, para um papo-cabeça, é assim, nunca são muitos), e simplesmente esquecemos do tempo lá fora (tanto que quase acabei perdendo a hora para um outro compromisso).

E respondi então ao amigo que, para mim, como naquele momento, eu me sinto feliz ao lado de pessoas que me fazem bem, que me respeitam, que têm “algo a dizer” e isso me basta – hoje, depois dos altos e baixos que a vida nos prega, tenho a exata noção de que a felicidade é assim, pontual, num eterno vai e vem, em ciclos.

Se eu gostaria de dividir esses momentos “pontuais” de felicidade com um parceiro? Claro que gostaria, mas o tal parceiro tem que estar curtindo esses momentos tanto quanto eu, e não estar ali presente apenas por obrigação, cumprindo um ritual, como vejo em muitos casais que conheço. Por isso não troco minha vida de “solteira” (divorciada) por nenhum relacionamento que não me traga uma felicidade maior que a que estou vivenciando, sozinha comigo mesma.

E aí eu me pergunto: sou eu que espero e exijo demais de uma relação ou são as pessoas a minha volta que se contentam com pouco???  Vivo muito bem sozinha, cercada de amigos, filhos e parentes, assim, um relacionamento com um parceiro tem que ser melhor ainda que estar sozinha, por isso sou exigente, porque antes de tudo, gosto muito de mim.

Alguns me questionarão: “mas você não pode exigir que o seu parceiro concorde cem por cento com você nos gostos, atitudes e pensamentos”. Concordo, do contrário não seria um parceiro, seria um sósia, um clone de mim. E eu não quero uma cópia de mim mesma, até porque, como todo mundo, tenho um monte de defeitos, mas é justamente aí que eu me baseio num relacionamento – todos nós temos defeitos, e num relacionamento o que importa é se eu vou tolerar (e conviver harmonicamente com) os defeitos do outro, e vice-versa, pois há defeitos intoleráveis para mim que comprometem todo o relacionamento, um deles é esse, alguém estar comigo em algum lugar por obrigação.

Outro “defeito” que jamais tolero é traição, pois traição para mim, me fere a auto-estima e amor próprio – e auto-estima para mim é vital, é a base de toda minha felicidade, é estar bem comigo mesma, é me aceitar como sou, e ser traída fere a todos esses meus princípios, pois logo questiono o quanto realmente eu sou dispensável na vida daquela pessoa que me trai. Assim, diante de qualquer sinal de traição, por menor que seja, eu prefiro sair da relação, pois se a felicidade é pontual, acho que o sofrimento também deve ser pontual, e para mim, continuar numa relação baseada em traição é sofrimento eterno e não pontual.

A mulher, dizem, é mais sensível que os homens, deveria então sofrer mais com a traição, mas mesmo assim é a mulher que aceita de volta o traidor, e raramente acontece o contrário (nas poucas vezes que o homem é traído, ele e a sociedade machista raramente aceitarão de volta a mulher traidora).

Porém em minha opinião o ser humano, independente do gênero, pode ser mais ou menos sensível,  mas culturalmente “homem não chora” e consequentemente não pode aceitar a traição feminina, e é sempre a mulher, apesar do sofrimento e da baixa auto-estima que gera uma traição, que aceita de volta o traidor.

Um dia, ainda espero uma reviravolta da mulher, que a mulher passe a se dar mais valor, a acreditar mais em seu potencial e força como ser humano. Mas já faço a minha parte, não traio e não admito ser traída, e não me deixo ser massacrada moralmente no meu trabalho, nem em nenhum setor da minha vida. 

E a letra da música "The greatest love of all" (veja vídeo abaixo) resume o meu texto e a minha filosofia de vida: 
"I decided long ago never to walk in anyone's shadow.
If I failed, if I succeed, at least I lived as I believed. 
I found the greatest love of all inside of me.
The greatest love of all is easy to achieve learning to love yourself, it is the greatest love of all".

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O gênero policial - o grande filão do cinema

O gênero policial é um grande filão do cinema, e rende ao mundo cinematográfico uma grande fatia de “lucros e dividendos”, pois é um gênero onde se tem excelentes filmes, mas mesmo os péssimos filmes (que também são muitos) têm um público cativo, porque tem sempre os “cérebros de gelatina” que lotam as salas de cinema e locadoras, atrás de “cabeças rolando” e estilhaços de metralhadora, sem pé nem cabeça, qual filme pornô (se bem que filme pornô tem “algo além” de pés e cabeça, ainda assim broxante para a maioria das mulheres), sem nenhuma história ou enredo que justifique a violência gratuita desses filmes classe b (como diria uma amiga gaúcha, "b" de bagaceira).

A lista é imensa. Em minha opinião, assistir violência só se justifica se o filme tiver história e enredo que justificam as “cabeças rolando” e os estilhaços de metralhadoras, pois só assim conseguem agradar às “cabeças pensantes” (os “cérebros de gelatina” também acabam gostando, apesar de nada entenderem, e nada questionarem). Como são muitos os filmes policiais, e muitos deles conhecidos e badalados, decidi comentar apenas os mais antigos (desconhecidos para a galera mais jovem) e os que não foram divulgados no “circuitão” e/ou ficaram no boca a boca dos festivais de cinema (trailers no final do texto).

“Um dia de cão”  com o grande Al Pacino que merece um  adendo a parte – quem consegue esquecer o enigmático Michael Corleone do maravilhoso “Poderoso Chefão” I e II, o ex-militar cego, depressivo e ao mesmo tempo encantador em “Perfume de mulher” e o traficante de drogas do violento, mas mesmo assim ótimo, “Scarface”?

Em “Um dia de cão” Al Pacino, aqui bem no início da carreira, vive a história real (e mesmo assim, prá lá de surreal) do assaltante Sonny e seu parceiro Sal, que sem nenhum planejamento, resolvem num desespero, assaltar um banco nos EUA em plena luz do dia.

O diretor Sidney Lumet ( dos também ótimos “Rede de intrigas”, “Sérpico” também com Al Pacino e do “Assassinato no Orient Express” baseado no livro homônimo de Ágatha Christie) pegou uma história real que ficou famosa na mídia nos jornais da década de 70 e transformou-a numa obra-prima, com a ajuda da excelente atuação de Al Pacino que está hilário no papel do ingênuo (mas não idiota) assaltante que, no meio da conturbada (e divertida) negociação dos reféns com a polícia, discute indiretamente valores da sociedade, preconceitos e mídia. Imperdível.

Em “Fargo”, parece impossível mas os irmãos Coen (o produtor Ethan e seu irmão diretor Joel – do “The big Lebowski”, the dude, o cara” e dos recentes “Queime depois de ler” e “Onde os fracos não têm vez” - me lembram fisicamente a dupla gaúcha Kleiton e Kledir) conseguem misturar num mesmo filme assassinato, seqüestro, desvio de dinheiro e  um monte de mal-entendidos numa envolvente e entroncada trama com cenas ora violentamente perturbadoras, ora extremamente divertidas.

A excelente atriz Frances McDormand (a mãe superprotetora do adolescente aspirante a jornalista de “Quase famosos” – leia sobre esse excelente filme em dezembro de 2009) está ótima (como sempre) como a policial, desajeitada e grávida, escalada para desvendar o sequestro e os assassinatos. E a curiosidade desse filme é que os diretores confessam nos bastidores que a história não é verídica, nem mesmo "baseada numa história real" como anunciam nos créditos do filme.

“Mississipi em chamas” é um drama policial da década de 80, dirigido pelo aclamado Alan Parker (dos também ótimos “Asas da liberdade”, “As cinzas de Ângela”  e “Expresso da meia noite”, “Coração satânico”) que se baseia numa história real, na América dos anos 60, e mistura assassinato, apartheid, racismo, discriminação, numa época em que a Ku Klux Klan estava no auge de sua fúria nos EUA, e o filme conta com atores excelentes como Gene Hackman e Williem Dafoe, como dois policiais escalados para desvendar um crime racial. Suspense policial em um filme quase documental de uma época histórica, com ótimas sacadas "hollywoodianas" e boas doses de tensão fazem desse filme um clássico imperdível. Prá quem ainda não viu, vale “o ingresso”, e quem já viu, nunca é demais rever esse excelente filme.

Em “O profissional”, o excelente ator francês Jean Reno, um matador de aluguel,  contracena com a ainda menina Natalie Portman (de “V de vingança” e “Closer, perto demais”) num filme que mistura muita adrenalina, tráficos de drogas e corrupção policial, amenizados apenas pela bela música de Sting "Shape of my heart".

E a imensa lista continua com “Crash, no limite”, “Os infiltrados”, “Golpe de mestre”, “Era uma vez na América”, "Os intocáveis", “Los Angeles, cidade proibida”, “Sindicato dos ladrões”, “Veludo azul”, “Taxi driver”, “Chamas da vingança” e o recente “Bastardos inglórios” (texto e trailer sobre esse filme, aqui no blog, em maio de 2010), e os brasileiros "Tropa de elite" e "Cidade de Deus" são apenas exemplos dos melhores do ramo.

Tem gente que só se contenta com “pelo menos 10 cabeças rolando” prá que o filme seja “assistível”, ou seja, tem que ter muita ação senão o fulano “dorme em cena”, já outro grupo diz que só vai ao cinema “prá se distrair”, se recusando a ver filmes com cenas de violência mas, como quando falei de filmes de lutas de boxe (link abaixo), para mim, cinema é arte e para agradar a “cabeças pensantes”, os filmes têm que ter história, enredo, conteúdo, podendo ir de comédias românticas a violência explícita, pois o cinema em primeiro lugar é uma escola de vida e não podemos viver só de fantasias (leia o texto “Fantasie sua vida” em maio de 2010), e infelizmente temos que nos inteirar da violência do mundo que nos cerca, e como no cinema, a vida nem sempre é só entretenimento.
http://rosemerynunescardoso.blogspot.com.br/2010/01/filmes-de-lutas-de-boxe.html




 




quarta-feira, 29 de setembro de 2010

"Mea culpa" - cilada em "Bel Zonte"

Eu assumo “mea culpa, mea máxima culpa”. Congresso Brasileiro de Cardiologia em “Bel Zonte” (como carinhosamente o povo mineiro chama sua capital BH). A agente de viagem, que indiquei para dois amigos, na última hora, troca-os de hotel. E os dois, “vendidos”, aceitam a permuta “sem reclamar”, porque a cidade estava lotada e não havia mais vagas em um mísero hotel.

E assim começava a “via crucis” dos dois.  Num bairro estranho (aparentemente mal afamado), chegaram pelos fundos do hotel???? – não, prá desespero deles, aquela era mesmo a frente do hotel, segundo o taxista que os "desovou" lá – um muro alto apenas com uma porta lateral – sinistro – nome do hotel??? “Santa alguma coisa” (que de “santa” não havia nada , pois só dias depois descobriram que era metade hotel/motel). Mas os bravos rapazes não desistiram (e podiam??? era aquilo ou dormiriam ao relento).

Corajosos, adentraram o tal portão, e enfrentaram a portaria do “hotel/motel” –  cama de casal no quarto – conseguiram negociar duas camas de solteiro, a coisa “já tava feia” pro lado deles, pois dois rapazes num inferninho daqueles, dividindo o mesmo quartinho, não ia pegar bem, ainda mais numa cama de casal.

Café da manhã com pão de queijo, produto tradicional da mesa mineira?? Nem pensar, um pão “francês” (e olhe lá) com um "Ki suco" e dê-se por satisfeito (o café da manhã era complementado nos estandes do congresso). A vista “panorâmica” da janela do quarto dos nossos “heróis” era o varal da casa vizinha com “ceroulas e companhias limitadas”.

Mais surpresas?????  Deixei por último a principal – a novidade e revelação fatídica estava na parede divisória entre o quarto e o banheiro da “suíte” – era de tijolo de vidro transparente, ou seja, deitado na cama, o fulano tinha que se manter “no cabresto” com viseiras, com o olhar fixado para a frente em direção a TV (com o volume ligado ao máximo) para não ter que assistir (e ouvir) o “derradeiro” uso do vaso sanitário pelo “companheiro de quarto”, e o banho de chuveiro era totalmente explícito, refletido pela parede de tijolo de vidro transparente.

Segundo os nossos dois heróis, era uma visão altamente “inspiradora”, capaz de fazer “apaixonar-se” um pelo outro – divertimo-nos muito com as piadas “maldosas” desses dois galhofeiros (um deles mineiro), que se “declaravam apaixonados à primeira barrigada”, depois que  se viram um ao outro sentados no “trono”.

Depois de tudo, acho que serei perdoada pelos meus dois queridos amigos (eu mudei de agência e consegui, na última hora, uma desistência e fiquei num bom hotel 3 a 4 estrelas), pois assumi publicamente  “mea culpa”, mas principalmente porque os dois passaram heroicamente pelo teste do meu bichômetro que é altamente fidedigno – provaram o quanto são machos de verdade, porque agüentaram firme as “zoações” (gays enrustidos  que fingem ser machos jamais se exporiam dessa maneira, por medo de se traírem – a famosa “carne fraca”) e brincaram o tempo todo com a situação vexatória da privacidade exposta quando sentados “no trono”.

No fim eles ainda vão me agradecer, porque jamais teriam se divertido tanto ( e divertiram a nós também,  com a galhofa da própria desgraça deles) e que  agora repasso a todos esse episódio hilário que jamais será esquecido, que marcou para sempre a nossa ida a “Bel Zonte” e que jamais teria acontecido se tivessem se hospedado num 4 ou 5 estrelas.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

"Ser ou não ser babaca, eis a questão"

Há pouco tempo, me empenhei num "projeto de tese de pós-doutorado em ciências machistas", convocando voluntários, entre grupo controle e experimental, para compor meu "banco de dados" de babacas "propriamente ditos" e os "novos" babacas, respectivamente, tese esta que reproduzo abaixo:

"Tese  em  Ciências Machistas: procura-se voluntários para grupo experimental e grupo-controle
Título da tese:  "Existe correlação entre a idade cronológica do macho e o grau de babaquice?"

O objetivo principal do estudo é investigar por que alguns caras (aparentemente) legais ficam babacas com o avançar da idade e, se a convivência com os naturalmente babacas é um fator relevante, e por que não acontece o contrário, ou seja, por que os caras legais não conseguem transformar os naturalmente babacas em caras legais.

Segundo  "pesquisas", a consequência disso é que as mulheres legais acabam, ao conviver com esses novos babacas, virando as “chatas” prá eles, porque simplesmente tentam alertá-los pro grau elevado de babaquice, que eles não enxergam nunca.

Aceita-se, no grupo de estudo, como voluntários, os que preencherem critérios de novos babacas, e os naturalmente babacas entram no grupo controle.  A ciência agradece."

E hoje me pergunto: por que será não tive adeptos voluntários ????
 – pausa para reflexão – Será que os "novos babacas" têm vergonha de expor sua nova "roupagem" de ex-cara legal?  Será que ser ex-cara legal soa para eles como ex-cara bobalhão, ex-cordeirinho? Quanto aos babacas propriamente ditos, entende-se a omissão, afinal de contas, são babacas em todos os sentidos.

Mas mesmo com a abstenção, ainda concluirei minha tese, pois apesar de não ser um estudo “duplo cego” – pois a pesquisadora aqui não é cega (e muito menos boba) nos dois sentidos – os meus entrevistados, esses sim, cegos (e bobos), sem perceberem, me fornecem dados, cada vez mais relevantes, e tenho obtido resultados "estatisticamente significativos",

minhas conclusões preliminares são baseadas em experiências que mostram que, com a idade, os novos babacas, têm problema auditivo seletivo, ou seja, só ouvem os babacas "propriamente ditos" (ficam surdos para os amigos não “embasbacados”), e tomam como exemplo,  como “verdade verdadeira”, o comportamento de certos machos com mentalidade infanto-juvenil que fazem questão de posar como "bad boys",

só pensam em "zoar" a cara do próximo, vivem de "pegação", só querem desfilar com "carne fresca",  para dar "um gás" na vida insossa e sem graça deles, e rotulam todas as mulheres, sem exceção, como "dissimuladas", "pistoleiras", "interesseiras", só porque tomam conhecimento da existência de algumas poucas mulheres que se enquadram nesse perfil.

A explicação para o fenômeno está elucidada, mas por que o inverso nunca ocorre, ou seja, por que os caras legais não conseguem transformar os babacas propriamente ditos em “gente boa”? Que forças ocultas serão essas, que sempre atraem os caras legais, ao invés de repelirem os babacas propriamente ditos.

A ciência evolui, as mulheres avançam na sua eterna necessidade de serem soberanas de suas próprias vidas mas, se nem Freud conseguiu explicar o que as mulheres querem (na verdade, eu sei - leiam o texto "Afinal, o que querem de nós os homens", aqui no blog, em abril de 2010)..... e agora? Quem vai explicar esse fenômeno masculino???? Quem tiver idéia do que se passa na cabeça desses tais machos, aguardo contribuições para explicar tal despropósito. A ciência mais uma vez agradece.

Um adendo importante: mas nem tudo está perdido, para provar isso deixo aqui registrado o ótimo clipe do comediante canadense Jon Lajoie que espertamente captou "o espírito da coisa" e satiriza o "estilo fodão" dos babacas no ótimo rap "Every day normal guy" (abaixo).


sábado, 4 de setembro de 2010

"Ninho vazio"

Dois corpos flutuando na água. Um casal. Um homem e uma mulher. A pergunta fatídica: estarão mortos???? Não. Quer dizer, fisicamente não. Mas, metaforicamente, parece que sim. Onde flutuam ???? Ironicamente, flutuam em pleno Mar Morto, numa região praticamente desértica, em Israel. Por isso flutuam tão facilmente (o excesso de sal torna a água muito densa). A paisagem ao redor do Mar Morto é árida, praticamente sem vegetação, nada cresce ao redor (e dentro) daquele imenso lago azul envolto numa orla repleta de sal, numa paisagem totalmente estranha para nós, acostumados que estamos com os trópicos e sua vegetação abundante.

Essa cena inusitada que acabo de descrever marca o filme “Ninho vazio” do argentino Daniel Burman (trailer do filme no final do texto), e mostra os personagens principais, um casal cuja crise de meia-idade (e do próprio relacionamento) se aflora ainda mais com o “revoar” dos filhos (que vão viver suas próprias vidas longe da presença dos pais) – a síndrome do “ninho vazio”.

O diretor usa da linguagem do cinema para mostrar a reação individual de cada um dos personagens àquela nova realidade – filhos longe, como fica a relação conjugal????  Ela, a mulher, reage euforicamente, como se a vida estivesse por um fio (não quer se sentir “morta”) e não há tempo a perder, corre contra o tempo, quer voltar a estudar de onde parou, rever os amigos, se reinventar, e segue a vida, paralela ao seu parceiro, sem mais se "encontrarem",

enquanto ele parece que quer a todo custo, voltar no tempo, e se perde em um turbilhão de emoções, reais e imaginárias – o diretor “usa e abusa” do desapego ao verossímil (o personagem uma hora está na sua poltrona de couro, e de repente já está num campo conversando com o amigo imaginário (?), depois vai para a rua, depois para o desértico Mar Morto), brincando com imagens alucinatórias, em situações que o personagem está (ou gostaria de estar?) vivenciando, numa clara alusão de que também não quer estar “morto”.

"Ninho vazio" é um filme singelo, sobre um casal em busca de "dois inteiros" e não de "duas metades", com uma bela trilha sonora, com músicas envolventes, na bela voz de Jorge Drexler (cantor uruguaio que ganhou o Oscar de melhor canção estrangeira, com a música " El otro lado del rio", do filme do diretor brasileiro Walter Salles, "Diários de motocicleta" e já cantou no Brasil com Maria Rita, Arnaldo Antunes e Paulinho Moska). Veja e ouça, no final do texto, a letra da bela música "Un instante antes de levantar vuelo".

A "síndrome do ninho vazio" é mais comum do que se imagina, a crescente autonomia dos filhos em geral assusta. Algumas pessoas adotam, ao longo dos anos, hábitos nocivos à relação conjugal, deixam de conversar abertamente sobre o que os preocupa, deixam de partilhar as suas frustrações e angústias, muitas vezes para se pouparem mutuamente. E “jogam” toda a sua energia na educação dos filhos, enquanto outros se dedicam de corpo e alma à profissão. E em muitos destes casos, infelizmente, há "affairs" que vêm e vão…

Mas o tempo não resolve, sozinho, estas dificuldades, ao contrário, traz à tona diferenças até então encobertas. Os casais que, em algum lugar no tempo, passaram a realizar percursos paralelos estão, naturalmente, numa posição de maior vulnerabilidade, quando os filhos se vão.

É preciso encarar os fatos, e tentar encontrar um caminho em comum que se cruze, do contrário o divórcio é o passo natural, não adianta insistir se não há mais projetos a dois, se os caminhos correm paralelos e não mais se encontram. E então a angústia de ver os filhos saindo do ninho, observando “o vôo” deles, pode muito bem ser compensada por novas paisagens, novos relacionamentos e novos desafios profissionais.

Finalmente, prá descontrair, e para provar que os filhos nada têm a ver com a relação desgastada do casal, assista abaixo as verdadeiras razões para uma relação acabar em divórcio.






domingo, 22 de agosto de 2010

As cores de Almodóvar

Fico impressionada quando, ao assistirem a um filme, muitos não se interessem em desvendar o que rolou por trás das câmeras, que influências levaram o diretor a abordar aquela temática por um certo ângulo, quais as motivações que o fizeram escrever aquela história por aquele prisma.

Muitos cineastas sofrem influências de suas próprias vivências, seja política, cultural, familiar, muitos fazem referência autobiográfica, às vezes toda a vida do cineasta  está retratada na película, e conhecer essas nuances enaltece e enriquece o filme, e faz com que nos aproximemos ainda mais da verdadeira motivação que levou o cineasta a gravar determinada cena daquele jeito todo peculiar.

Os grandes cineastas espanhóis, por exemplo, sofreram direta ou indiretamente influência de toda uma ditadura, a do caudilho Franco, que influenciou também outras artes como a do pintor Salvador Dali e a do escritor Garcia Lorca. Ninguém passa impune por uma ditadura, ainda mais uma que durou cerca de 40 anos.

Luís Buñuel teve sua carreira reconhecida internacionalmente com sua “Bela da tarde” Catherine Deneuve, filmado na França, pois o ditador proibiu e dizimou todas as expressões de arte na Espanha. O “Discreto charme da burguesia” e  “Esse obscuro objeto do desejo” denunciavam a extravagância e a hipocrisia da sociedade da época. Buñuel, mesmo fora da Espanha, influenciou a carreira de Carlos Saura e do contemporâneo Pedro Almodóvar.

Saura, outro famoso cineasta espanhol e seu sensível e tocante “Cria cuervos” - o título do filme vem de um provérbio espanhol “cria corvos e eles te arrancarão os olhos” - o filme, rodado na década de 70, retrata a vida de Ana e seus “fantasmas”, e se olharmos com cautela, veremos que o "sufrágio" que o filme aborda em relação a “orar pelos mortos” pode ser um paralelo a outro significado da palavra que é o “direito ao voto” (numa alusão ao fim da ditadura de Franco, pois o filme foi rodado enquanto o caudilho agonizava no seu leito de morte) e Ana, sua avó e sua mãe retratam a Espanha, o passado e o presente franquista decadentes, sob o olhar assustado (da menina e mulher Ana) mas esperançoso no futuro.

“Cria Cuervos”, “Ana e os lobos”, e o divertido, ácido e politicamente incorreto “Mamãe faz 100 anos”, trazem Geraldine Chaplin, então mulher do cineasta e filha de Charles Chaplin, em excelente atuação. “Bodas de sangue” do livro homônimo de Garcia Lorca, “Amor bruxo” e o ótimo “Carmen” (com participação do músico Paco de Lucia) completam  a trilogia de Saura, homenageando a sensualidade da música e a “caliente” dança flamenca (segundo “experts” em flamenco, tudo o que é preciso  para iniciá-la é uma voz e acompanhamento rítmico, como palmas ou golpes dos pés no solo, e Saura dirige o musical divinamente).

E finalmente Pedro Almodóvar, o mais famoso cineasta espanhol da atualidade, homossexual assumido, irreverente, seu cinema é original, extravagante e ousado, com forte componente autobiográfico. Almodóvar é um grande contador de histórias, muitas delas vivenciadas na sua infância pobre e humilde, também marcada pela ditadura de Franco que fechou as escolas de arte, impedindo Almodóvar de estudar cinema, tornando-se um aprendiz na prática de seu dom maior.

A câmera de Almodóvar é sempre frenética, descambando para o trash e para o kitsch, com temas sempre polêmicos, avivados por cores vibrantes e berrantes (tão marcantes que Adriana Calcanhoto compara as cores vibrantes das telas de Frida Kahlo com as fotografias berrantes do Almodóvar, na música “Esquadros”). Despudorado, politicamente incorreto, ácido, muitas vezes quase em tom de denúncias de situações que ele próprio vivenciou na sua infância pobre, como questões envolvendo religião, família e moral.



O universo de Almodóvar norteia por temas nem sempre fáceis de assimilar e digerir, como sexo bizarro, pederastia e incesto, mas que acabam ligeiramente “suavizadas” pelo seu jeito “cômico” e melodramático de filmar tragédias. Para total deleite do espectador lá estão sexo, obsessão, crimes, tragédias, ciúmes, voyeurismo, tudo abordado de maneira extremamente segura pelo cineasta, sem nunca descambar para o vulgar que, com movimentos de câmera e suas cores vibrantes, frequentes provocações e absurdos irresistíveis, fazem desse aclamado diretor um cineasta ímpar.

Quando o espectador pensa que não mais vai se surpreender com a câmera do Almodóvar, lá vem ele com reviravoltas na trama deixando o espectador boquiaberto com os acontecimentos inesperados, e ainda assim incrivelmente factíveis. Seus personagens são sempre simpáticos e cativantes, e seus atores são em geral “apaixonados” por eles (e pelo diretor) que, mesmo a maior bizarrice e grosseria, acabam parecendo natural, espontânea.

“Carne trêmula” (com a sua musa Penélope Cruz) é magistral, frenético, sensual e estão lá as cores de Almodóvar marcando sua direção, o preto, o vermelho e o amarelo, sempre berrantes, quase ofuscantes. Em “Má educação” Almodóvar norteia os caminhos dos seus personagens marcados por tragédias infantis envolvendo pederastia, homossexualismo e religião, num filme quase autobiográfico.

E não pare por aí, veja os antigos “Ata-me” (com Antônio Bandeiras e Victoria Abril), “Kika, Mulheres à beira de um ataque de nervos”, e os mais recentes “Tudo sobre minha mãe”(esses dois últimos Oscar de melhor filme estrangeiro), “Fale com ela” e  “Volver” (também com Penélope Cruz) e o mais recente "Abraços partidos".









domingo, 15 de agosto de 2010

Seu bichômetro funciona bem?

Bichômetro? Viadômetro?? Pouco importa o nome, o que se sabe é que o sensor do famoso aparelho "detector de boiolas" só funciona bem quando direcionado aos "não enrustidos", mas para aqueles que não admitem, de maneira alguma, "sair do armário", a sensibilidade e especificidade do "aparelho", na maioria das pessoas, é muito falha. Por que isso acontece?

Simplesmente porque o próprio gay enrustido não admite "sair do closet", ele jura de pés "juntinhos" que não é, não é, e não é gay (no escurinho do "armário", bate o pezinho, e faz beicinho, do tipo "não sou, não sou, não sou", mas na verdade, como diz na gíria, "tá doido prá agasalhar um croquete").

Ele não percebe que dá umas "desmunhecadinhas" básicas altamente reveladoras. Ao contrário, se declara "macho prá cacete" e A-DO-RA futebol "de paixão" (leia-se o "agarra-agarra" do futebol). O cara não sai do armário porque não percebe o quanto é "fresca" a ventilação do seu closet, ele se recusa a admitir, mesmo prá si mesmo, que "não é chegado" ao sexo oposto, e bate no peitinho "sou macho, sou Flamengo e A-MO futebol", esporte de macho (hummmm, altamente suspeito nos dias de hoje).

Nada contra os homossexuais assumidos, muito pelo contrário, esses em geral são excelentes amigos das mulheres (acho que porque sofrem dos mesmos preconceitos que nós, mulheres, tanto lutamos contra), mas quanto aos "vulgos machões" (leia-se gays enrustidos) eu simplesmente não os suporto, porque têm inveja de nós, mulheres, porque não aguentam ter que fingir uma masculinidade que simplesmete não têm, e gostam "da mesma fruta" que nós mulheres, mas jamais admitem isso,

ao contrário fingem "cantar de galo", mas na verdade tão doidos prá "soltar a franga", posam de machões, fingem gostar de mulher e claro, têm verdadeira a-do-ra-ção por futebol (o que curtem mesmo são as famosas "encoxadas" e apalpadas "bundais" e "nos tesouros da família" que rola durante as peladas).

O verdadeiro machão de outrora, em geral conquistador, brigava com outro macho, na disputa pela fêmea. E agora, o que vemos?  Os atuais "machinhos" (de merda), o vulgo "machão", que finge inclusive ser "galinha" (bom disfarce, bastante convincente, afinal quem vai desconfiar de um pseudo galinha?), tem o nome do amigão do futebol tatuado nas costas (vide, no final do texto, a tatuagem do "amigão" do goleiro Bruno - "amor verdadeiro"???), e só bate em mulher, e fica "putinho" e se "revela soltando a franga", como o goleiro Bruno quando tomou 5 gols "nos cornos" numa única partida ("tem explicação, Bruno? A resposta do pseudo machão, "amor verdadeiro" do amigão Macarrão, foi:  "num tem não", com direito a beicinho e tudo - mais gay que isso impossível - vide vídeo abaixo no final do texto).

O interessante é que o gay enrustido sabe como enganar as mulheres desavisadas, e de repente se casam (e até as engravidam) e faz questão de se casar com todas as pompas, porque a sociedade precisa saber que ele é o novo "garanhão" do pedaço, e em geral engravidam a pobre e futura desiludida, e assim vão camuflando a verdadeira identidade secreta de "supergay" até que a viadagem aflore de vez (demora, mas eles acabam "se traindo").

O que é triste é que esses machinhos acabam mal amados, e transformam a vida dessas mulheres iludidas em um verdadeiro inferno (espancadas e mesmo assassinadas, vide a do goleiro "enrustido" Bruno). Se saíssem do armário evitariam muita infelicidade e muitos herdeiros perdidos nesse mundo cão. Como diz na gíria popular "tão doidos prá agasalhar um croquete" mas não têm coragem, e se escondem ou sob a fama de pseudo galinha ou num casamento fajuto, arranjado da noite para o dia, prá esconder sua verdadeira tendência homossexual.

Nunca erro nos meus "diagnósticos", pode demorar mas sempre acerto, o dito cujo, mais dia menos dia, "pega a chave e sai do closet". Uma amiga que era totalmente "cega" para esses "pareceres", certa vez veio me contar a sua "incrível" descoberta (que ela achou que tinha feito) - descobriu um gay "enrustido" - como??? ao contar a última noitada dele, a minha amiga ousou perguntar se ele tinha ido com a namorada, e ele, mais que depressa, com a mão na cintura (sabe aquele estilo "asinha de xícara" ?) disse: Acorda, Alice, você acha que eu tenho cara de ter namorada???

Essa mesma amiga "Alice" nunca aceitava que eu pudesse estar certa nos meus "diagnósticos", e disse certa vez que eu "tava vendo coisas" quando falei das "minhas suspeitas" de um amigo em comum, que era casado e tinha 2 filhos. Pois o fulano, ao se separar, muitos anos depois da minha "revelação", foi curar a "deprê" em New York city, voltou assumido, e foi morar com o amigão do futebol, e minha amiga exclamou: "que boca a sua, hem????" Que fazer? Meu bichômetro nunca falhou até hoje, demora, mas eu sempre acerto.

Claro que o nome da minha amiga não era Alice, mas no "país das maravilhas" em que vivia, o apelido caiu como um luva.  Pois é, parece que o bichômetro em algumas pessoas já vem com defeito, assim decidi dar umas dicas para essas Alices da vida, que caem fácil, fácil, no conto do vigário (leia-se no "conto do gay enrustido") e quando "acordam" estão casadas e grávidas de um deles.

Recentemente foi lançado um livro intitulado "Cuidado: seu príncipe pode ser uma cinderela", escrito por duas jornalistas (veja, no fim do texto, a entrevista delas, no Jô Soares), que entrevistaram várias pessoas, que passaram por situações de envolvimento com pseudo machos (na verdade gays enrustidos). Assim, para as "Alices no país das maravilhas", aqui vão dicas infalíveis - mais de duas positivas, cuidado, você pode estar levando pro altar (e muitas vezes já com um herdeiro na barriga) uma cinderela no lugar de um príncipe.

Desconfie daquele colega de trabalho que só cria picuinhas com as colegas do sexo feminino. Se você sempre achou que aquele colega "escorrega no quiabo", pergunte a outras amigas, você vai se  surpreender, pois verá que não é só você que percebeu umas "desmunhecadinhas" básicas, não é só você que "tá vendo coisas".

Outra atitude suspeita - o vulgo machão tem literalmente ciúmes dos amigos homens, principalmente dos parceiros heteros do futebol e da mesa do bar, estão sempre criticando as mulheres dos amigos, quando estes deixam de ficar no bar (ou ir ao futebol) para ficar com a "patroa", querem saber (e vigiam) se o amigo do peito está com alguma mulher, e fica chateado se não contam segredinhos prá ele relacionado a mulheres, o machão simplesmente O-DEI-A as mulheres dos amigos (mas detalhe, isso nunca é explícito, principalmente para o amigão ou mesmo para a mulher do mesmo).

Desconfie daquele machão que só usa um único perfume - por conveniência, tudo bem, homem que é homem não quer ter trabalho e às vezes usa o mesmo perfume (comprado pela própria mulher dele), mas não é o caso do enrustido, este faz questão de ser reconhecido "pelo cheiro" por isso não troca de perfume (feromônio é coisa de mulher ou então gay).

Sabe aquele "machão" que A-DO-RA futebol? Se, de repente, ele vem com um papo de que "tá precisando arranjar uma namorada", desconfie - machão não anuncia suas pretensões com as mulheres, eles simplesmente caçam mulheres, já os gays enrustidos (pseudo machões) sabem que o "anúncio" gera frutos positivos, porque tem mulheres de sobra atrás de "um bom partido" e logo, logo, o enrustido aparece com uma noiva a tiracolo, e muitas dessas desavisadas vêem neles um "partidão que tá a fim de se amarrar", mas não sabem elas que, através de um compromisso social (em geral eles casam com todas as pompas e assim a sociedade o elege o novo "garanhão" do pedaço, que não faz por menos e engravida a futura desiludida) e o casório acontece como num relâmpago, pegando todo mundo de surpresa, e "tá garantida" a identidade secreta do "supergay" por um bom tempo, até que a viadagem os separe.

E a história tá sempre se repetindo, outra história famosa foi uma amiga minha em que o namorado tinha uma carta escondida de um suposto "amigo de infância" que relembrava os felizes "momentos a sós" que tiveram numa recente viagem a dois - claro que o namoro degringolou, pois o fulano (que não era muito afeito "aos lençóis" com minha amiga) não soube explicar a tal carta, e ainda ficou possesso com a minha amiga que achou a dita cuja, e passado alguns meses da separação, o tal fulano "achou" uma noiva, a engravidou e casou com todas a pompas da noite para o dia, e estão vivendo "felizes para sempre" até que a boiolice aflore.

E o que não falta são os casados que "viram a casaca" - uma amiga minha, casada com 2 filhos, disse só ter desconfiado do marido uma única vez, quando viu no canhoto do talão de cheques, contas altíssimas de uma loja masculina, e ela nunca viu uma peça de roupa da tal loja no vestiário do marido, até que um dia ele chegou prá ela e anunciou a separação, e quando ela quis saber o "nome do pivô" da separação, ele sem pestanejar revelou que ia morar com o amigão do trabalho. E prá desespero dela, o ex viajava de férias com os filhos com o fulano a tiracolo, dividiam a mesma cama no hotel, com os filhos pré-adolescentes no quarto ao lado, o que fez com que ela exigisse, na justiça, que não mais tais cenas se repetissem enquanto os filhos fossem menores.

Seria cômico se não fosse trágico. Eles olham para as mulheres sim, mas não com olhar de machos, é sempre um olhar crítico e depreciativo, ou de inveja, e se no fim, você ainda tiver dúvidas, faça o "teste do sustinho", é infalível,  o gay enrustido sempre se trai diante de uma barata ou coisa parecida (veja vídeos abaixo).
















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