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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

"A vida dos outros" e "A experiência" - excelentes filmes alemães

"O poder transforma, e nem sempre prá melhor, é preciso saber lidar com ele, para que não nos deforme". Palavras da escritora Lya Luft. Começo minha dica de cinema com essa frase que resume - e nos faz meditar sobre - esses dois excelentes filmes alemães.

"A vida dos outros" (veja o trailer no final do texto) - a história se passa na Alemanha, década de 80, anos antes da queda do muro de Berlim. De início, vai parecer que se trata de um filme político sobre os abusos e desmandos do regime ditatorial da época, onde a Stasi, a polícia secreta alemã oriental, com seus espiões orgulhosos em "servir a pátria, rotula a todos, indiscriminadamente, como possíveis traidores do partido,

mas o filme apresenta reviravoltas, começa devagar, frio, tudo muito sombrio, combinando com a fisionomia dura e impassível do espião, como se a lentidão expressasse o ódio e o sentimento de escárnio e delação que há por trás de toda vigilância, mas aos poucos a trama vai te envolvendo, 

é um suspense lento mas penetrante, o personagem do espião nos conduz magistralmente (mérito do excelente ator), e sem perceber, sem alardes e sem sustos, sem te deixar "na ponta da cadeira", e em momento algum "roendo as unhas", quando você se espantar já estará totalmente absorvido pela trama.

O filme coloca o espectador sob a lente e o ponto de vista do algoz, só que aos poucos, com o decorrer das investigações (em que a vítima, um casal de atores, tem sua vida vasculhada pelo avesso) o espião se vê diante de um novo mundo que se descortina à sua frente, quando entra em contato com o mundo artístico de sua vítima (principalmente com os versos e a poesia de Bertold Brecht que ele rouba do apto do casal),

e então vamos assistir a uma transformação do semblante do algoz, e o que era escárnio passa a admiração provocando uma total reviravolta no conduzir das investigações, acontece então a redenção do algoz.

Vital para o desenrolar do filme é a atuação do ator principal, o espião, ao transmitir magistralmente nas suas expressões a complexidade das relações e reações humanas,  um excelente ator (não lembro o nome, também nome alemão fica difícil guardar) que morreu algum tempo depois de terminada as filmagens.

A seguir, cai o muro de Berlim, a Alemanha é unificada, e o personagem, o ator vigiado, descobre então que esteve o tempo todo sendo vigiado, encontra seu ex algoz e como um "danke" (muito obrigado em alemão) seria muito pouco, ele encontra um jeito magnífico de agradecer - veja o filme e o "gran finale". Emocionante. Imperdível. 

Agora, se você é do tipo que gosta de suspense daqueles que deixa a gente "na ponta da cadeira, roendo as unhas", então não deixe de ver "A experiência"  (em alemão "Das Experiment" - não confundir com um outro "A experiência", filme B, enlatado americano sobre alienígenas, "chatérrimo")

É um filme baseado em fatos reais, o que impressiona mais ainda - o experimento de aprisionamento da Universidade de Stanford na década de 70 que foi suspenso na metade do projeto (vale a pena ler sobre o experimento, veja no wikipedia).

Um macabro "reality show", o filme pretende mostrar a possível catástrofe que poderia acontecer se o experimento não tivesse sido suspenso. Excelente filme, mas prepare o estômago, não é fácil de assistir (eu só consegui ver uma única vez), é pesado, claustrofóbico, deprê mesmo, mais paranóico impossível (coisa de alemão?)
 







  


 

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