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terça-feira, 24 de novembro de 2009

"Impulsividade" - o filme

"Impulsividade" - a história do adolescente que, ao não se enquadrar em nenhuma "tribo", anestesiado de tudo e de todos, se isola para, literalmente, "chupar o dedo" (daí o título original "Thumbsucker" - veja trailer do filme no final do texto), se negando a sair da adolescência para a vida adulta, já que os exemplos que tinha de maturidade, vinda de adultos à sua volta, eram falhos e questionáveis. 

No filme, todos têm seus vícios (a mãe, papel de Tilda Swinton, o dentista, papel de Keanu Reeves, o pai, o irmão), vícios em drogas lícitas e ilícitas, em competições, em ganância, em busca incessante por sucesso, mas só o vício do então adolescente não é considerado digno, não é "normal" como os demais, ninguém é punido por seus vícios "normais", só ele é visto como "portador de uma anomalia", é o único "doente". 

Mas para o jovem adolescente é apenas uma compulsão que, desde a infância, o acalma, portanto difícil de evitar e controlar. Todos nós tivemos/temos/teremos vícios que funcionam como válvula de escape para alívio de tensões, tipo roer unhas, arrancar cutículas, balançar pernas, etc. 

No filme, "resolve-se" o problema do garoto com uma medicação, a ritalina, que o faz ficar hiperativo, e ele passa a experimentar de tudo, inclusive álcool e drogas, e então, ironicamente, passa a ser visto como um adolescente normal. 

É a velha (ou seria nova) tirania urbana e globalizada, de que temos que nos enquadrar em arquétipos e estereótipos, é a cultura da "felicidade" a qualquer preço, não podemos ficar tristes, somos logo rotulados de "depressivos" e dá-lhe "fluoxetinas" da vida, e somos obrigados a voltar a "sorrir" (ou melhor, ficamos embotados, dopados, mas "felizes", porque não é de "bom tom" compartilhar tristeza, "não dá ibope").

A escritora gaúcha Lya Luft, no seu livro "Rio do meio" e ainda no também excelente  "Perdas e ganhos", já discutiu exaustivamente sobre esse tema, que é preciso passar conscientemente (e lucidamente) por essas tristezas para poder vencê-las, e não "fingir" que elas não existem por meio de "drogas da felicidade".

Portanto, diante de uma inevitável tristeza, "curta-a" lucidamente, e vença-a, e saiba que você não será o único a passar por isso; esse é o tema desse excelente filme alternativo não hollywoodiano. "Impulsividade" é uma profunda reflexão sobre nossas atitudes, erros e acertos nas relações interpessoais.

E a pergunta que não quer calar - é preciso trocar um vício "anormal" por outro "normal" prá ser aceito pela "tchurma"? E que droga de felicidade é essa, que querem nos impor, a todo custo, com uma "droga lícita" de felicidade??? 

E termino com o questionamento do grande poeta alemão Rainer Rilke: "Quem nunca esteve sentado, cheio de medo, diante da cortina do próprio coração?"

Um comentário:

  1. É isso!
    A ordem "natural" da compulsão coletiva ao enquadramento ñ nos dá o direito de SER!
    Anarquia!!!
    Tenho Reclamado o direito de ter os meus próprios vícios... Morrer do meu pecado... beber do meu veneno...Ou se quiser, qd quiser ou estiver pronta... resolver as questões passando pelo fundo delas... com determinação... rumo ao contentamento da minha alma amoral! Mas...Tomar a forma do pensamento social estereotipado vigente... NUNCA MAIS!
    Este caminho ñ tem meia volta! E já sinto ventinhos de mudança!!!
    Ai! A vida... é LUZ!

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