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sábado, 14 de novembro de 2009

"Brilho eterno de uma mente sem lembranças"

O filme "Brilho eterno de uma mente sem lembranças" (trailer do filme no final do texto) - logo nas primeiras cenas, a sensação de confusão pode ser tão (ou mais) intensa quanto a do personagem principal, mas calma, não desanime - o filme se desenrola em flashback, começa pela tentativa de reinício da relação de um casal, corta e vai pro fim do relacionamento, corta de novo e volta pro desenrolar dos acontecimentos que levaram ao rompimento.

Confuso? Sim, mas talvez seja essa a intenção do diretor, pois confusos também são os relacionamentos, mas nem por isso deixamos de nos relacionar com as pessoas, portanto não desista, passada a primeira meia hora do filme, você vai começar a se situar, e verá o "desbunde" que é esse filme (prá entender detalhes do filme, é preciso vê-lo mais de uma vez - e vale a pena, acredite).

Não dá prá falar muito sobre o filme sem revelar (e estragar) um ou outro segredo. Basicamente trata-se de uma dolorosa "brincadeira" com as nossas mentes e nossos corações - um casal cujo fim do relacionamento acabou em mágoas e brigas, procura (primeiro a mulher, depois ressentido, o homem) por uma clínica fictícia capaz  de "apagar" toda e qualquer lembrança daquele relacionamento, com um simples programa de computação, que provoca uma "ablação" de toda conexão sináptica que estivesse vinculada a alguma recordação daquele relacionamento doloroso.

O "tratamento" para esquecer prá sempre o fulano de sua vida funciona prá ela (Kate Winslet de "Titanic") mas quando chega a vez dele (Jim Carrey "O máscara") inconscientemente ele reluta em se deixar "apagar", e por conta disso, vamos assistir a uma série de efeitos especiais e de câmera muito bem bolados (o muro e o drive-in desmoronando, a casa sendo inundada pela chuva, a "fuga" para locais remotos da memória sem lembranças) prá demonstrar a luta interior da mente (e do coração) contra aquela destruição da memória, e indiretamente das experiências vividas.

O diretor realizou um filme muito interessante, com uma imaginação fértil diante de um tema comum, numa abordagem aparentemente inimaginável mas, quem é que, ao sair de um relacionamento doloroso, não gostaria de poder apagá-lo prá sempre, poupando-nos de tanto sofrimento? Mas também nos questionamos (como o protagonista) se vale a pena apagar nossas experiências, mesmo as mais dolorosas, pois o aprendizado para uma nova relação talvez venha de uma dessas nossas experiências não tão bem sucedidas.

Essa é a temática desse filme, que conta também com outros bons atores (Mark Ruffalo do recente "Ensaio sobre a cegueira", Kirsten Dunst, a namorada do "Homem Aranha" e Elijah Wood de "O senhor dos anéis") que compõem o "time de profissionais" responsáveis pela "ablação" da memória  do Jim Carrey e que, enquanto "apagam" o cara, vivem, sofrem e "apagam" seus próprios relacionamentos. 

Aliás, se você (como eu) acha o Jim Carrey chatinho com aquelas caras e bocas repetitivas em seus filmes de comédia, vai se surpreender ao vê-lo irreconhecível num papel sério, compenetrado, sofrido e amargurado. Todo mundo vai reconhecer, no casal em questão, algum casal amigo (ou até a si próprio) pois os protagonistas são pessoas normais, dolorosamente normais, como todos nós.

O filme é um verdadeiro quebra-cabeças a ser montado, num mirabolante truque de imagens e efeitos (de câmera principalmente, prá quem curte cinema e seu "making of" é um "prato cheio") simulando a complexidade das relações e das nossas mentes (e claro, de nossos corações).

E a música "Everybody's gotta learn sometimes" cai como uma luva nas cenas de desespero e dor do protagonista, e a fotografia do filme é magnífica (principalmente as paisagens de inverno, da neve "substituindo" a areia em plena beira-mar).

"Brilho eterno de uma mente sem lembranças", um filme prá pensar e repensar. Não deixe de ver. Vale a pena.


Um comentário:

  1. Gostei da postagem quase toda, a não ser na parte que você fala das caras e bocas de Jim Carrey, porque sem as caras e bocas ele não seria Jim Carrey. Mas, voltando a postagem "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças" é o melhor (na minha humilde opinião) filme de drama de todos os tempos! Jim Carrey é um gênio como ator de filmes de comédia, drama, suspense... Bom Jim Carrey é Jim Carrey e fim!

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