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sábado, 24 de outubro de 2009

Cinema Paradiso

Sempre que vejo um belo filme, tenho ímpetos de compartilhar minha emoção com o maior número possível de pessoas, tal meu fascínio pela sétima arte. "Cinema Paradiso" (trailer no final do texto) é uma dessas emoções, que continua a me encantar, não importa quantas vezes eu o reveja (perdi a conta).

O filme é uma verdadeira homenagem ao cinema (lá estão Ingrid Bergman, Clark Gable, Rodolfo Valentino, Brigite Bardot, Rita Hayworth e muito mais). O cineasta italiano Giuseppe Tornatori conta a sua própria história de amor ao cinema, praticamente autobiográfica, como um garoto apaixonado pela "telona" desde a infância, numa pequena cidade do interior da Itália (logo após o término da 2ª guerra mundial e anos antes da chegada da "telinha"), onde a vida se passava dentro da sala de cinema - qualquer semelhança, com qualquer cidade do interior, de qualquer país, não é mera coincidência. 

Enquanto escrevo, me inspiro ouvindo as músicas magistrais do filme, magníficas melodias instrumentais do compositor italiano Ênio Morricone, e relembro a cena final antológica do cineasta hipnotizado (e nós também) pelas belas cenas "emendadas" pelo projecionista Alfredo (personagem do talentoso ator Philippe Noiret), como um presente eterno para o menino Totó, e invariavelmente, assim como o pequeno cineasta, agora adulto, eu também me pego com os olhos marejados, não importa quantas vezes eu reveja a cena. 

E a trilha sonora é tão envolvente que sempre que a ouço, fico literalmente arrepiada, tal a emoção que me remete cada música à lembrança das belas cenas do filme.

Também na minha cidade, no interior, o cinema era o grande protagonista das nossas vidas (já existia a telinha na minha adolescência, mas ainda o cinema não tinha sido "engolido" por ela, isso só aconteceu depois, com a chegada dos video-cassetes e DVDs), e ali era o ponto de encontro das turminhas da escola, e assim como no filme, nos reuníamos para "guerrinhas de pipoca doce", enquanto aguardávamos o apagar das luzes, e enfim a emoção, os risos e os aplausos de toda a platéia diante daquela impressionante telona.

Até hoje, quando vou ao cinema (só curto os pequenos e "poeirentos", que infelizmente estão acabando, deve ser saudosismo, com certeza), me sinto tal qual a personagem do filme do Woody Allen, "A rosa púrpura do Cairo" - literalmente me sinto como fazendo parte da história, dentro da telona, vivenciando os personagens, e quando acende as luzes e acaba a "magia", tenho sempre que me perguntar "quem sou eu? onde estou?", para só então me "situar" e voltar à realidade do mundo lá fora.

Senti a mesma dor dos personagens, quando da demolição do "cinema paradiso" da minha cidade (um lindo prédio de estilo colonial, que foi demolido, para dar lugar a um "moderno" banco, era a "chegada do progresso" na minha cidadezinha do interior), mas diferente dos personagens do filme, que estão envelhecidos e "desencantados", eu tinha ainda a juventude e a esperança que impulsiona a adolescência, mas mesmo assim aquilo me marcou para sempre.

"Cinema Paradiso" é um filme que todo mundo se identifica um pouco, seja pela inocência da infância, seja pelos anseios e paixões da adolescência, seja pelos desafios e amarguras da vida adulta, e claro, pela bela homenagem ao cinema. É um filme para toda a vida. Para ver e rever. Magistral.

Em tempo: Infelizmente, a tentativa de reencontro do casal da bela história de amor adolescente, foi decepcionante, na "versão original estendida".











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